Os Internos de Medicina Interna enviaram uma carta aberta à Ministra da Saúde, assinada por 416 dos 1061 Internos em formação nos Hospitais do país, onde comunicam a indisponibilidade de realizar mais de 150 horas extraordinárias por ano e na qual exigem melhores condições de trabalho e formativas.
A Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) solidariza-se com este alerta dos Internos, considerando que o documento deve ser analisado com atenção pela tutela.
A atividade na Urgência é fundamental para a formação do Interno de Formação Específica e deveria ser obrigatória nos dois primeiros anos para todas as Especialidades Médicas e Cirúrgicas.
Em Portugal, apenas os Internos de Medicina Interna fazem Urgência durante os 5 anos da sua Especialidade, e as várias Subespecialidades vão encurtando cada vez mais o tempo de Serviço de Urgência. Por isso, nas equipas médicas da maioria dos hospitais, para além dos Especialistas, só os Internos de Medicina Interna preenchem as escalas, muitas vezes abaixo do número mínimo admissível.
A fuga de muitos Especialistas de Medicina Interna do SNS, compromete a formação dos Internos e fragiliza as Equipas de Urgência.
O Serviço de Urgência é importante para a criação da experiência clínica do Interno de MI, mas não pode ser tão avassalador que impeça a formação noutras áreas essenciais. A Medicina Interna é uma especialidade com múltiplas outras competências nas suas diferentes valências que têm de ser desenvolvidas pelos futuros internistas.
A SPMI realça a necessidade de serem tomadas medidas estruturais e organizativas no SNS, sem as quais os múltiplos problemas dos Serviços de Urgência, serão apenas os primeiros de muitos outros a nível do funcionamento normal dos Serviços.
Lèlita Santos – Presidente da SPMI