SPP desaconselha uso do cigarro eletrónico 10 de novembro de 2014 A Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) defende que o cigarro eletrónico é «um retrocesso» na luta contra o tabagismo, pelo que recomenda que não seja utilizado enquanto os efeitos e a eficácia não forem provados. «O cigarro eletrónico não deve ser utilizado enquanto não se conhecerem os efeitos que têm na saúde, e não devem ser utilizados na cessação tabágica enquanto não houver ensaios clínicos fiáveis que provem a sua eficácia», afirmou a Coordenadora da Comissão de Trabalho de Tabagismo, Ana Figueiredo, citada por um comunicado da Sociedade Portuguesa de Pneumologia. Segundo a Organização Mundial de Saúde, na Europa, o tabaco é responsável direto por cerca de 85% das mortes por cancro do pulmão, 70% das mortes por DPOC (doença pulmonar obstrutiva crónica) e 15% das mortes por doenças cardiovasculares, pelo que «esta é uma luta que passa também por manter uma posição desfavorável em relação ao uso de cigarro eletrónico». A Sociedade Portuguesa de Pneumologia e a Sociedade Portuguesa de Cardiologia reuniram-se no sábado numa sessão institucional para debater aquela que figura como uma das principais causas da doença respiratória e cardiovascular. Os dados do Relatório “Prevenção e Controlo do Tabagismo em números — 2013”, do Programa Nacional para a Prevenção e Controlo do Tabagismo, revela que mais de 90% dos fumadores portugueses iniciaram o consumo antes dos 25 anos e que existe uma tendência para o aumento do consumo de tabaco entre os jovens escolarizados. Um cenário que a SPP considera a ter em conta: «Alguns jovens não fumadores podem começar a usar e-cigarros por acreditarem ser menos nocivo do que fumar cigarros. Esta é uma questão que não podemos negligenciar. Não se trata apenas de olharmos para o cigarro eletrónico como um incentivo ao consumo e dependência da nicotina mas também como um retrocesso na longa batalha que ao longo dos anos temos vindo a travar contra o tabagismo», acrescentou Ana Figueiredo, de acordo com um comunicado, citado pelo “DN”. Segundo o presidente da SPP, Carlos Robalo Cordeiro, «é urgente» que a questão do cigarro eletrónico seja regulamentada. Isto «para que dentro de 20 anos não tenhamos uma nova geração de fumadores, conquistados através dos cerca de 7.000 sabores existentes no mercado e das atrativas campanhas publicitárias como as que em tempos conferiram glamour ao cigarro». «Congresso não fumador, incluindo equipamentos eletrónicos» foi a mensagem que o XXX Congresso de Pneumologia procurou transmitir, à semelhança do que ocorreu no Congresso da European Society Respiratory (ERS), realizado, em setembro, em Munique. Asma brônquica, DPOC, cancro do pulmão, pneumonias, cuidados respiratórios domiciliários e reabilitação respiratória foram temas debatidos no XXX Congresso de Pneumologia que reuniu mais de 700 profissionais de saúde nacionais e internacionais. |