O maior surto de dengue dos últimos cinco anos na província de Guangdong, que faz fronteira com Macau, pode estar ligado às alterações climáticas.
A província, que tem uma população de 125 milhões de habitantes, registou mais de 8.700 casos de dengue este ano, muito mais do que os 6.042 casos, registados em 2019, e os 4.195, em 2023, marcando o surto mais grave dos últimos cinco anos.
O aumento dos casos coincidiu com as condições climatéricas extremas registadas nos últimos meses na região, onde as temperaturas elevadas e as chuvas fortes criaram um ambiente favorável à proliferação de mosquitos, o principal transmissor da dengue, noticiou o jornal local Yicai, citado pela Lusa.
Desde maio, as autoridades locais detetaram um aumento da densidade de mosquitos em mais de 30 zonas de alto risco, antecipando um aumento dos casos da doença.
O especialista em saúde pública Zhang Hua, citado pelo Yicai, disse que “as alterações climáticas, incluindo o aumento da precipitação e das temperaturas, estão a mudar os ‘habitats’ dos mosquitos e a favorecer a expansão para áreas que anteriormente não eram propensas a tais surtos”.
De acordo com outro perito não identificado, “não só os mosquitos, mas também outros animais como carraças e roedores” podem começar a transmitir doenças em novas áreas devido a “alterações nos ‘habitats’”.
Nos últimos anos, tem-se verificado uma tendência de propagação da dengue em províncias mais a norte na China, onde tradicionalmente não se registava a doença.
“A doença pode propagar-se a zonas do norte e do centro da China, devido às condições climáticas cada vez mais favoráveis à reprodução dos mosquitos nestas regiões”, alertou Zhang.
De acordo com um estudo citado pelo Yicai, entre 2015 e 2023, a taxa de incidência de dengue na China aumentou anualmente numa média de 70,79%, com casos registados em todas as províncias, exceto no Tibete (sudoeste).
A China não é o único país a registar recentemente um aumento do número de casos de dengue: países sul-americanos como o Peru, o Paraguai e o Brasil registaram tendências semelhantes.
A doença afeta pessoas de todas as idades e para a Organização Mundial da Saúde, o fenómeno meteorológico ‘El Niño’ está na origem da propagação da epidemia.