Tecnologia pioneira para terapêutica em doenças oculares desenvolvida em Coimbra 815

Tecnologia pioneira para terapêutica em doenças oculares desenvolvida em Coimbra

 


10 de abril de 2018

Uma tecnologia pioneira para a «libertação prolongada e controlada de fármacos e outras moléculas com atividade terapêutica» em patologias oculares está ser desenvolvida por investigadores da Universidade de Coimbra (UC).

Uma equipa de investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC (FCTUC) está a criar uma técnica para a «libertação prolongada e controlada de fármacos e outras moléculas com atividade terapêutica nas mais diversas patologias oculares, pioneira a nível internacional», foi hoje anunciado.

«Semelhante a uma pérola, na forma, na cor e no valor que tem para a oftalmologia”, a nova tecnologia, denominada ineye, poderá chegar ao mercado “dentro de três anos se tudo correr como o previsto», afirma a UC, numa nota enviada hoje à agência “Lusa”.

O projeto, que tem por base a investigação realizada por Marcos Mariz, no âmbito do seu doutoramento, no Departamento de Engenharia Química da FCTUC, «acaba de obter 230 mil euros de financiamento» através de uma candidatura liderada pela investigadora Paula Ferreira, daquele Departamento, ao concurso de projetos de investigação IC&DT (Investigação Científica e Desenvolvimento Tecnológico) da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT).

Esta verba, explica Marcos Mariz, citado pela UC, vai permitir «otimizar o processo de preparação do dispositivo não só ao nível do fabrico, mas também avaliar qual o processo de esterilização mais eficaz e seguro. Vai permitir ainda fazer a avaliação da biocompatibilidade, isto é, saber se o ineye não causa irritação ocular e se é bem tolerado pelo doente».

Após a avaliação da biocompatibilidade do dispositivo, realizada em colaboração com a equipa de Ilídio Correia, da Universidade da Beira Interior (UBI), serão iniciados os ensaios pré-clínicos do inserto na forma de placebo, ou seja, sem fármaco, adianta a UC.

Considerando que, «atualmente, a administração da maioria dos fármacos continua a ser feita através de gotas, num processo que exige destreza, leva ao desperdício e à distribuição sistémica de grande parte do fármaco e para o qual os doentes mostram pouca adesão, principalmente em doenças crónicas, esta tecnologia (de acordo com a definição do INFARMED, um medicamento) terá um grande impacto no tratamento de doenças como o glaucoma», sustenta o investigador.

A pérola é «colocada no interior da pálpebra inferior sem necessidade de cirurgia. A composição e a arquitetura da tecnologia ineye dotam este sistema de uma versatilidade sem precedentes no mercado», conclui Marcos Mariz.

O ineye, que já tem patente nacional, estando a decorrer o processo de patenteamento internacional, tem vindo a obter várias distinções, acrescenta a UC.

«Só em 2017, ano de arranque do projeto como negócio, [o ineye] angariou cerca de 100 mil euros em dinheiro e serviços», primeiro com o Arrisca C, depois o Inov C, e posteriormente dois prémios do consórcio EITHealth.

O concurso Arrisca C, lançado pela UC, tem o «objetivo de promover a exploração de novas ideias, o desenvolvimento de planos de negócio e a criação de provas de conceito», o Inov C é um projeto cofinanciado pelo programa comunitário Centro 2020, através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, e o consórcio EITHealth é «uma das mais abrangentes e importantes iniciativas mundiais na área dos cuidados de saúde», do qual a Universidade de Coimbra é membro.