Fernando Aires Miranda, farmacêutico e presidente da Secção Regional do Sul e Regiões Autónomas da Ordem dos Farmacêuticos entre 2001 e 2004, considera que o setor farmacêutico conta, em Portugal, com uma classe profissional jovem e capacitada, ainda que sob contextos desafiantes.
À margem do evento “Noites da Ordem” que, a 28 de março, juntou Fernando Aires Miranda e Carlos Maurício Barbosa para um dos vários debates e eventos que marcam os 50 anos da Ordem dos Farmacêuticos (OF), o antigo responsável lembrou que nos anos 60 e 70 “os farmacêuticos não se reconheciam no seu papel de farmacêutico, preferiam ir para o ensino”, explicou ao Netfarma.
Hoje, admitiu, a realidade é diferente. “Progressivamente, a classe tem aumentado. Hoje temos uma profissão jovem, que está muito interessada”, disse, referindo, contudo, aqueles que se viram obrigados a sair do país. No entanto, e mesmo nesses casos, trata-se de uma classe “bem enquadrada e considerada”. Em sentido contrário, “a Indústria Farmacêutica foi dizimada com más decisões em termos de políticas de Saúde”.
Ao Netfarma, Fernando Aires Miranda abordou ainda alguns dos temas quentes que têm marcado os últimos meses no setor. Sobre a greve dos farmacêuticos hospitalares, fez questão de reiterar que se tratou de uma forma de luta nunca antes vista. “Esperemos que com a Residência Farmacêutica e o aumento de farmacêuticos a nível hospitalar, possam vir sérias melhorias para a condição dos farmacêuticos, financeiras e de trabalho”.
Tanto a renovação automática da terapêutica como a dispensa de medicação hospitalar nas farmácias comunitárias são “fundamentais e podem funcionar bem e com toda a segurança porque a farmácia e as empresas farmacêuticas têm sistemas bastante robustos relativamente às dispensas e ao controlo”.