Tempo «inaceitavelmente longo» entre sintomas de tuberculose e diagnóstico 691

Tempo «inaceitavelmente longo» entre sintomas de tuberculose e diagnóstico

23 de Novembro de 2015

Um doente com tuberculose demora, em média, 104 dias entre o início de sintomas e o diagnóstico, um tempo «inaceitavelmente longo» para os autores do relatório sobre a Infeção por VIH/sida e Tuberculose – 2015.

Esta demora existe «apesar dos métodos diagnósticos serem cada vez mais rápidos», lê-se no documento, elaborado pelo Programa Nacional para a Infeção VIH/sida.

Tal «pode traduzir maior tempo entre o início de sintomas e a procura de cuidados de saúde por parte do doente assim como uma menor suspeição de tuberculose por parte do clínico que atende o doente».

«É necessário aumentar a suspeição nas comunidades de maior risco, entre os profissionais de saúde e melhorar o acesso a serviços de tuberculose (centros de diagnóstico de tuberculose ou consultas de tuberculose)», lê-se no documento.

De acordo com o relatório, em 2014 foram notificados 2.264 casos de tuberculose, dos quais 2.080 eram casos novos, o que representa uma taxa de notificação de 21,8 por 100 mil habitantes.

A taxa de incidência é agora de 20 por 100 mil habitantes, traduzindo uma redução de cerca de 5% da taxa de notificação e de incidência entre 2013 e 2014.

«Atingimos o limiar dos países de baixa incidência, mas ainda enfrentamos grandes desafios», lê-se no documento.

Os autores sublinham a importância do «tratamento da tuberculose latente nas pessoas infetadas por VIH (o maior fator de risco para o aparecimento da tuberculose) e a diminuição dos fatores de risco sociais associados a esta doença».

«Tal só será possível, como na infeção por VIH, com o envolvimento de entidades e sectores exteriores ao próprio Serviço Nacional de Saúde (SNS)», prosseguiu.

Os autores do relatório, apresentado numa cerimónia que contou com a presença do ministro da Saúde, acreditam que, «tal como em relação à infeção por VIH, não será utópico pensar que Portugal, em 2030, também será um país onde a tuberculose não será uma ameaça de saúde pública».