Terapêutica contra cancros vence Prémio Bluepharma 451

O projeto de uma terapêutica contra cancros agressivos, nomeadamente do pâncreas, mama, ovário e próstata, é o vencedor do Prémio Inovação Bluepharma/Universidade de Coimbra 2023, anunciado está terça-feira, avança a Lusa.

“No geral, este composto [resultante do projeto] representará uma nova terapêutica com elevado benefício clínico para os doentes oncológicos, em termos de eficácia e segurança, podendo ainda ser combinado com outros agentes anticancerígenos existentes na clínica, aumentando marcadamente a eficácia e reduzindo os efeitos adversos”, explica a líder do projeto, Lucília Saraiva, da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, citada num comunicado da Universidade de Coimbra (UC) e da Bluepharma.

“A singularidade desde composto reside também no facto de ser muito eficaz em casos de elevada resistência à terapêutica standard usada na clínica, revelando-se um verdadeiro avanço no tratamento de cancros agressivos como o do pâncreas, mama triplo-negativos, ovário e próstata em estádios avançados”, acrescenta.

O grupo de investigação “desenvolveu, caracterizou e patenteou” este novo agente anticancerígeno, refere a nota.

“Trata-se de um candidato a fármaco inovador, o primeiro capaz de inibir a interação entre as proteínas BRCA1/BARD1”, sendo que “a disrupção desta interação conduz ao colapso da via de reparação do DNA, resultando na morte seletiva das células cancerígenas caraterizadas por uma acumulação de erros nesta via (instabilidade genómica)”, acrescenta o comunicado.

Na sessão de apresentação do vencedor e entrega do prémio, que decorreu na manhã desta terça-feira, o presidente do júri, Fernando Seabra Santos, vincou que se candidataram ao prémio 18 projetos, dos quais três se destacaram, havendo, por isso, além do vencedor, duas menções honrosas.

As menções honrosas foram atribuídas aos projetos “Novel Approaches to Skin Pigmentation Modulation” e “Exploring the antibacterial properties of a surfactant based hydrogel”, liderados, respetivamente, por Miguel Seabra e Otília Vieira.

O projeto vencedor vai receber um prémio monetário de 20 mil euros, que poderá ainda traduzir-se num investimento suplementar de 30 mil euros (quando confirmada a viabilidade de mercado do projeto).

“Esperamos que um dia, com o nosso projeto, possamos melhorar a qualidade e a esperança de vida” dos doentes oncológicos, disse Lucília Saraiva, na cerimónia de hoje.

O presidente executivo da Bluepharma, Paulo Barradas Rebelo, adiantou, por seu lado, que a empresa está “já com os olhos postos no futuro”, desenvolvendo, numa parceria “muito forte com a Universidade de Coimbra”, a área dos “injetáveis complexos”.

“Estamos neste momento a preparar as obras, que vão decorrer a partir do final do ano, em Eiras [Coimbra], onde vamos instalar um centro de investigação e desenvolvimento e um centro de transposição de escala”, que “será uma fábrica piloto, para começarmos nesta área, com os injetáveis complexos”, acrescentou.

Com periodicidade bienal, o Prémio Inovação Bluepharma/Universidade de Coimbra visa distinguir projetos científicos de excelência, a nível internacional, na área das ciências da saúde, que apresentem elevado potencial de transformação em produtos ou serviços, com interesse para a sociedade.