Na pandemia, a dispensa de autotestes e a realização de TRAg fizeram com que os utentes tivessem presente a capacidade das farmácias neste domínio. De acordo com os dados IQVIA (Pharmascope Combined, abril 2022 – dados de sell out – Farmácia + Parafarmácia), os utentes mostraram claramente a sua preferência pelo canal Farmácia no momento de adquirir estes produtos.
António Hipólito de Aguiar, diretor técnico da Farmácia Aguiar, Lisboa, considera que “os testes covid mostraram à maioria dos cidadãos que a Farmácia pode ter uma valia contributiva relativamente importante na deteção da doença instalada”. Nos próximos anos, “a Farmácia vai ser um local de contacto importante do consumidor com a saúde porque todos temos vontade e necessidade de testar a nossa saúde em múltiplas situações”. Os testes permitem-nos a “deteção precoce ou mais imediata do nosso estado de saúde, e atuar em consequência”, diz.
Henrique Santos, diretor técnico da Farmácia do Altinho, Lisboa, salienta que nas últimas décadas “as farmácias transformaram-se em point-of-care, ou seja, num local onde se fazem um conjunto de análises e de indicadores intermédios de saúde”. Assim, “os testes covid não são algo novo” e “representam um processo de continuidade para o qual as farmácias, embora em diverso grau, já estavam preparadas”.
“Temos aqui um vasto terreno para explorar”, defende Nuno Cardoso, diretor técnico da Farmácia Lever e presidente do Conselho Jurisdicional da Secção Regional Norte da Ordem dos Farmacêuticos, segundo o qual a própria renovação da terapêutica “só fará sentido se fizermos o acompanhamento do utente. Caso contrário, estaremos apenas a renovar mais alguns medicamentos”. É, assim, “com grande agrado” que Nuno Cardoso olha para “o acesso dos farmacêuticos, através dos SPMS, à prescrição de testes e exames complementares de diagnóstico, algo que poderá abrir uma porta de ligação entre os médicos e os farmacêuticos”.
“Fazer testes, acompanhar o utente, comunicar com o médico de família em caso de resultados preocupantes, já acontece em farmácias localizadas perto dos centros de saúde onde existe espírito de colaboração entre os profissionais. Mas, na minha opinião, esta deveria ser a regra, numa relação win-win e em sede de um trabalho conjunto entre a Ordem dos Farmacêuticos, o Infarmed e o Ministério da Saúde”, conclui o diretor técnico da Farmácia Lever, ao lembrar que empresas como Amazon “já entraram com toda a força no canal Pharmacy“.
Leia o artigo completo na edição de julho-agosto da Farmácia Distribuição (#356), já disponível.
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