Testes para confirmar predisposição para certas doenças podem sobrecarregar SNS 417

Testes para confirmar predisposição para certas doenças podem sobrecarregar SNS

20-Jan-2014

A investigadora de biologia e medicina Mara Almeida alertou no sábado que o recurso a testes para confirmar a predisposição para certas doenças pode conduzir a uma sobrecarga do Serviço Nacional de Saúde.

Mara Almeida, coordenadora nacional do projeto europeu PACITA, destinado a aumentar a capacidade e melhorar os meios institucionais na formulação de políticas para questões que envolvam ciência, tecnologia e inovação, considerou que este é apenas um dos aspetos que envolvem a matéria genómica e a saúde pública.

A propósito de um encontro que decorreu no sábado na Assembleia da República, que pretende lançar a discussão política relativamente à temática da genómica humana (estudo do genoma humano que inclui a determinação da sequência completa do material genético e saúde pública), Mara Almeida disse que são muitos os desafios nesta área.

A este propósito, deu o exemplo dos testes preditivos, que algumas empresas – nacionais e internacionais – apresentam como capazes de identificar a predisposição para algumas doenças.

Segundo Mara Almeida, os utentes podem querer confirmar os resultados junto dos médicos dos centros de saúde e hospitais, o que pode levar a uma sobrecarga destes serviços públicos. Mas existem mais questões para as quais os decisores políticos têm de ter uma resposta, como a forma de usar a sequenciação do genoma humano.

«Vai chegar uma altura em que qualquer unidade de saúde poderá sequenciar o material genético (ADN). É preciso abordar questões como os custos, as questões éticas, o seu contexto», disse, citada pela “Lusa”.

No evento de hoje estiveram presentes deputados de diferentes Estados-membros da União Europeia, do Parlamento Europeu, investigadores e especialistas nacionais e europeus. A nível nacional estiveram presentes representantes de diversas instituições na área da saúde e investigação, como Constantino Sakellarides, da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), João Lavinha, do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), ou Jorge Sequeiros, do Centro de Genética Preditiva e Preventiva.

O evento contou ainda com a presença de associações de doentes, como a Aliança Portuguesa de Associações das Doenças Raras e a Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal.