Transplantação Hepática de Coimbra acredita no aumento da atividade 22 de Março de 2016 O coordenador da Unidade de Transplantação Hepática Pediátrica e de Adultos do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) está satisfeito com os 231 transplantes realizados desde 2012, mas considera que existem possibilidades de aumentar a atividade. «Há possibilidades de expandir ainda um pouco a atividade na nossa unidade, mas isso é o salto qualitativo e quantitativo para outro patamar que falta dar», disse à agência “Lusa” o cirurgião Emanuel Furtado, que há quatro anos retomou o programa de transplantes hepáticos desativado naquela unidade desde 2011. Desde 2012 que foram realizados mais de 40 transplantes em crianças, numa média de 10 a 12 por ano, e quase 200 em adultos, «resultados perfeitamente comparáveis com aquilo que se faz de bom no mundo», revelou o coordenador da unidade. Segundo Emanuel Furtado, «os 71 transplantes realizados em 2013 são o exemplo de um esforço enorme e da conjugação de uma série de fatores que contribuíram para que, de uma forma favorável, se conseguisse um número que nunca tinha sido feito». «Ao longo dos anos há uma variabilidade muito grande nesta atividade de transplantação, porque ela depende de fatores que não controlamos, nomeadamente nas unidades cuja atividade se baseia na utilização de órgãos de dador cadáver», explicou. Neste momento, disse o cirurgião, a Unidade de Transplantação Hepática Pediátrica e de Adultos do CHUC consegue colocar duas equipas a trabalhar ao mesmo tempo, «que é algo que não se conseguia antes e, portanto, é um avanço muito grande». «Não consegui ainda completamente ter três equipas a funcionar porque se registou a saída de um cirurgião já formado. A equipa voltou atrás em termos de formação, mas felizmente que já tínhamos mais duas cirurgiãs numa fase avançada de formação e temos três pessoas que estão numa fase muito avançada da sua autonomia em termos de transplantação», disse Emanuel Furtado. O coordenador da unidade frisa que a equipa tem concentrado a sua capacidade toda no atendimento aos doentes e na prossecução dos objetivos puramente assistencial e de formação, mas que tem «um défice na produção científica, investigação, nas instalações, e no atendimento aos doentes, no que diz respeito aos tempos de espera». «Aspetos que são extremamente importantes e que de uma maneira geral nos nossos hospitais e na unidade que coordeno não estão suficientemente bem cuidados. O passo seguinte é saltar para esse patamar», referiu o cirurgião, salientando que estes quatro anos serviram para «construir a capacidade de resposta da atividade assistencial para poder dar o salto para outro nível». A taxa de sobrevivência ao ano nos transplantes chega a estar acima de 90%, embora Emanuel Furtado saliente que «há grupos muito diferentes dentro da transplantação», com taxas de sobrevida diferenciadas consoante a tipificação dos doentes. «As taxas que são aceitáveis para pediatria são muito diferentes das aceitáveis para adultos. Hoje em dia em pediatria ter sobrevida ao ano inferiores a 92% é inaceitável, enquanto para os adultos não é assim, porque as doenças são muito diferentes e a capacidade de resistir a uma doença e a um procedimento são diferentes», sublinhou. O presidente do conselho de administração do CHUC considerou o programa de transplantes um caso de sucesso e recordou que «há quatro anos as crianças tinham de ser transplantadas em Espanha, com custos para as famílias, para os doentes e para os contribuintes». «Os últimos quatro anos foram de muito trabalho dos nossos profissionais, sempre focados em princípios de responsabilidade, de ambição e de competência, que transformaram o CHUC num dos mais importantes centros nacionais, com resultados comparáveis aos melhores centros de transplantação europeus», sublinhou Martins Nunes. |