Tratamento experimental “cura” doente com cancro de pele
04-Junho-2014
Um medicamento experimental pode ter curado um doente britânico com um cancro de pele em estado avançado, a quem os médicos davam apenas alguns meses de vida.
A aplicação experimental de um novo medicamento oncológico (o pembrolizumab) revelou-se promissora num paciente com cancro de pele (melanoma) em estado avançado.
Os médicos não estão certos de que este tratamento tenha curado Warwick Steele, de 64 anos, mas até ao momento não foi encontrada outra explicação.
O paciente esteve sujeito ao tratamento com pembrolizumab, diretamente injetado na corrente sanguínea, durante 6 meses. Três meses depois, o tumor de Warwick Steele quase tinha desaparecido. Desde então, não há sinais de possa regressar.
«Não podemos dizer com certeza que ele esteja curado, mas ele encontra-se muito bem. O paciente estava ao corrente de que sem um tratamento eficaz as perspetivas de sobrevivência não eram muito boas – talvez meses», diz David Chao, médico oncologista da Royal Free Hampstead NHS Trust, em Londres.
Este tratamento foi testado em pacientes com melanoma, o tipo mais agressivo de cancro de pele. Cerca de 70% dos 411 participantes do ensaio clínico estão vivos um ano após o início do tratamento, o que é considerado notável tendo em conta os estágios avançados do tumor e os baixos prognósticos de sobrevivência associados.
«O pembrolizumab parece ter potencial para uma mudança de paradigma na terapia do cancro e está garantidamente a ajudar a estabelecer a imunoterapia como um dos mais excitantes e promissores métodos de tratamento nos últimos anos», sublinhou David Chao.
O pembrolizumab é um anticorpo sintético que bloqueia o processo biológico de morte celular programada (PD-1), que o cancro ativa para enfraquecer o sistema imunitário. Em indivíduos saudáveis, é este processo que impede que o sistema imunitário fique fora do controlo.
Atualmente, as taxas de sobrevivência para um ano referentes a doentes sem tratamento, diagnosticados com estágio 4 de melanoma são de 10% para os homens e 35% para as mulheres. De acordo com David Chao, o pembrolizumab foi «bem tolerado» pela maioria dos pacientes deste ensaio clínico, mas as respostas ainda variam consoante os indivíduos, apontou o “Jornal de Notícias”.
Dados adicionais também mostram que este medicamento reduziu o tamanho de cancros do pulmão até 47%.
Os resultados do ensaio foram apresentados no encontro anual da Sociedade Americana de Oncologia, em Chicago.
A farmacêutica Merck Sharp & Dohme, fabricante do pembrolizumab, espera poder candidatar-se a uma licença europeia para vender o medicamento dentro de meses.