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Tratamento psicológico é tão eficaz como medicação para disfunção erétil

 


21 de abril de 2017

O tratamento psicológico para disfunção erétil, problema que afeta 10% dos homens portugueses, é tão eficaz como a medicação e prolonga-se a longo prazo, indica um estudo a apresentado hoje no Porto, durante o seminário “Investigação sobre Sexualidade Humana”.

Os resultados preliminares de um estudo científico da Universidade do Porto sobre o tratamento psicológico e farmacológico da disfunção erétil revelam que os homens que se sujeitaram a uma terapia cognitivo-comportamental durante três meses apresentaram melhorias «tão eficazes quanto o próprio efeito da medicação tomada diariamente», designadamente ao nível da «resposta de ereção», «funcionamento sexual em geral» e «satisfação sexual», avançou ontem à “Lusa” o investigador da Universidade do Porto Pedro Nobre.

Outro dos dados relevantes do estudo sobre disfunção erétil é que as melhorias na saúde dos homens com o problema prolongam-se a médio e longo prazo (três e seis meses depois da terapia), enquanto nos homens que fizeram apenas medicação, «uma parte significativa» voltou a ter o problema assim que para de tomar os medicamentos.

«A grande diferença aqui parece ser que a psicoterapia não só em termos de curto prazo é tão eficaz como a medicação, mas a longo prazo mantém o seu efeito, portanto mantém uma capacidade de manter as pessoas com uma vida sexual ativa muito para além do tratamento, enquanto a medicação esse impacto é muito mais reduzido», observa.

Segundo Pedro Nobre, os resultados preliminares são «bastante promissores», pois sugerem que o tratamento de uma das mais perturbantes dificuldades sexuais masculinas «não está necessariamente dependente da medicação», existindo alternativas igualmente eficazes que melhoram «não apenas a própria capacidade de ereção, como a própria satisfação sexual».

Um em cada 10 homens em Portugal apresenta «algum nível de dificuldade na ereção» e as consequências negativas manifestadas nos homens com aquele problema vão desde a depressão, à ansiedade, passando por divórcio do casal ou “dificuldade em procurar parceiro estável», mas também há relatos de um aumento de consumo do álcool e drogas e, em casos extremos, o suicídio, enumerou Pedro Nobre.

O estudo sobre o problema da disfunção erétil tratado com terapia cognitiva vai ser o tema da conferência inaugural do seminário internacional “Investigação da Sexualidade Humana”, que vai decorrer hoje na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP).

Erick Janssen, um dos mais produtivos investigadores na área da sexologia atualmente e investigador principal em projetos de investigação nas áreas do ajustamento marital, comportamentos de risco, saúde sexual e papel das emoções na resposta sexual, é um dos convidados do evento e vai encerrar o programa de trabalhos com uma conferência denominada «novas direções no estudo sobre sexo e relações».

Ao longo do dia de hoje, o seminário internacional e multidisciplinar vai ter várias mesas para apresentação de trabalhos na área da sexualidade, designadamente sobre educação sexual em contexto escolar, transexualidade, satisfação sexual relacionada com problemas de infertilidade ou a primeira gravidez, legalidade sobre o trabalho sexual ou sexualidade em pessoas com incapacidades físicas.