Tudo ou Nada 1123

A tão aguardada Portaria relativa ao regime de incentivos às farmácias pela dispensa de medicamentos genéricos, foi aprovada este mês.

Todos recebemos esta notícia com agrado, pois pela primeira vez no nosso setor profissional, o Estado reconhece e premeia quem se esforça por contribuir para a diminuição da despesa em ambulatório.
Tão justo, que parece estranho não ter saltado há mais tempo para a mesa das negociações.

De facto, é bem patente o contributo das farmácias para a diminuição da despesa do SNS. nos últimos anos, e por isso esta medida é recebida por todos como uma espécie de “reconhecimento por serviço prestado”, mas ao mesmo tempo também, como um auspicioso voto de confiança por parte do Estado, no que concerne ao que o mesmo espera das farmácias.

Isto porque, foi acordado entre as partes a implementação de Serviços a desenvolver pelas farmácias, no âmbito do Programa de Saúde Pública, e dar continuidade ao incremento do uso do medicamento genérico (MG), bem como o retorno às farmácias do Programa de Troca de Seringas (PTS). Este último com inquestionável serviço por nós prestado ao País durante muitos anos, que poupou milhões de euros ao evitar o tratamento hospitalar de possíveis infetados.

E, pela primeira vez, também estes Serviços a implementar pelas farmácias: autovigilância da diabete, acompanhamento de adesão à terapêutica e administração de vacina contra a gripe sazonal, vão estar em permanente observação por uma entidade independente que terá por missão entre outras a de “ criar indicadores métricos e objetivos, para a avaliação e efetividade dos ganhos conseguidos pela implementação do serviço”, durante o período experimental dos mesmos.

Findo este período, e de acordo com os resultados apresentados por esta comissão, o Estado decidirá a eventual implementação e ou remuneração dos serviços propostos.

Este acordo tem de ser  assumido por nós de uma forma muito séria.

O Estado tem em nós um parceiro, e conta conosco para o controlo da despesa com medicamentos, e simultaneamente, para evidenciar ganhos em saúde na rede de cuidados de saúde primários, com a implementação  destes serviços nas farmácias.

E para tal, cria métricas e avalia o nosso desempenho através de uma entidade independente.
Pela nossa parte, temos por obrigação não só corresponder, como superar todas as expetativas, demonstrando que estamos e estaremos à altura dos desafios e missão que nos confiam.

Cada um de nós tem de assumir este compromisso, criando também objetivos, indicadores e métricas, de forma a poder monitorizar o seu desempenho nesta matéria e contribuir assim para o sucesso deste acordo.

Todos nos sentimos envolvidos quando o acordo foi negociado, mas por si só, não chega. Há que assumir o compromisso, e isto implica não só cumprir com os requisitos do acordo, mas também ter a capacidade de criar valor, evidenciando o nosso comprometimento e a nossa determinação em ir além do que nos foi proposto, numa clara demonstração de consciência profissional e sentido do dever.

Desta forma estaremos a consolidar a nossa ação de forma sólida, deixando a nossa marca positiva, e preparando o futuro.

… Da forma como decidirmos encarar este desafio – envolvendo-nos ou comprometendo-nos, este acordo pode significar tudo, ou pode significar nada…

Helena Amado, farmacêutica