Ucrânia: OMS receia surto de poliomielite devido a escassez de vacinas 10 de setembro de 2014 A Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou ontem para o reaparecimento de diversas doenças na Ucrânia devido à ausência de vacinas e advertiu em particular para um possível surto de poliomielite. «Atualmente não existem vacinas armazenadas na Ucrânia. Existem alguns centros que ainda possuem algumas doses mas quando estas terminarem não haverá mais. Tememos sobretudo um surto de poliomielite no país», afirmou em conferência de imprensa a representante da OMS na Ucrânia, Dorit Nitzan. «Quando a crise surgiu, o sistema sanitário do país já era muito débil e estava a ser reconstruído. Não garantia serviços de saúde adequados. O conflito piorou ainda mais a situação», acrescentou, numa referência aos confrontos no leste do país entre o exército de Kiev e forças rebeldes pró-russas. Nitzan revelou que a cobertura imunológica das crianças ucranianas não atinge os 50%, quer devido ao débil sistema de saúde, quer pelo facto de uma criança ter morrido em 2008 após ter sido administrada com uma vacina durante uma epidemia de sarampo «e que originou uma rejeição generalizada à imunização». Desde o início do conflito, no início da primavera, «o sistema sanitário foi submetido a muita pressão, e o ministério, simplesmente, não pôde fazer o necessário para obter mais vacinas», citou a “Lusa”. Perante a atual situação, a OMS receia um surto de poliomielite, sobretudo por poder deixar total ou parcialmente paralisado quem contrair esta doença. «Claro que podem ocorrer casos de sarampo ou de rubéola, mas a poliomielite é muito perigosa. E sabe-se que após o primeiro caso confirmado de polio, haverá outros 200 infetados que passaram despercebidos», acrescentou. A vacina contra o tétano, necessária para as pessoas feridas no conflito, também entrou em rutura, disse. A OMS, em colaboração com o ministério da Saúde ucraniano, já estabeleceu contacto com diversos organismos internacionais para tentar garantir o envio das principais vacinas. Nesse sentido, solicitou 14 milhões de dólares (10,8 milhões de euros) para adquirir vacinas e reequipar o sistema de saúde, mas até ao momento a petição apenas recolheu 40.000 dólares (31.000 euros). Nitzan também referiu que 32 hospitais das zonas afetadas pelo conflito apenas funcionam parcialmente, e que outros 17 estão destruídos após terem sido alvo de bombardeamentos. No total, cerca de quatro milhões de pessoas foram afetadas pelo conflitos no leste do país, e perto de um milhão foi forçada a abandonar as suas casas. |