A União Europeia (UE) está a “acompanhar de perto” a doença, ainda desconhecida, que assola o sudoeste da República Democrática do Congo (RDCongo), declarou hoje uma porta-voz da Comissão, sublinhando que não foram registados casos semelhantes na Europa.
“Estamos obviamente a acompanhar de perto a situação”, disse, segundo a Lusa, Eva Hrncirova, porta-voz da UE, em declarações à imprensa, em Bruxelas, acrescentando que se está numa fase de “tentar recolher informações”, em conjunto com o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC), uma agência da UE.
Segundo a UE, estão a ser mobilizados “peritos do ECDC” e simultaneamente estão “a cooperar com a Organização Mundial da Saúde (OMS)”.
A natureza desta doença, que ainda não é conhecida, está a assolar uma província bastante remota, no sudoeste da RDCongo e, esse facto, “complica um pouco a situação’, sublinhou Eva Hrncirova.
“A única coisa que posso dizer, e isto é muito importante, é que não foi registado nenhum caso desta doença desconhecida na Europa”, insistiu.
A RDCongo, país que faz fronteira com Angola, está em “alerta máximo” na sequência da deteção de uma doença misteriosa que já provocou dezenas de mortos em pouco mais de um mês, segundo as últimas estimativas, informou na quinta-feira o ministro congolês da Saúde Pública, Samuel Mulamba.
Por outro lado, o chefe do Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC África), Jean Kaseya, explicou que “os primeiros diagnósticos” apontam para “uma doença respiratória”, mas são necessários “resultados laboratoriais”.
Em comunicado, também, divulgado hoje pela agência de saúde pública da União Africana(UA), o diretor-geral da UA, Jean Kaseya, afirmou que “a equipa, que inclui epidemiologistas, cientistas de laboratório, peritos em prevenção e controlo de infeções e outros especialistas, está a trabalhar em colaboração com parceiros nacionais e internacionais, incluindo a OMS [Organização Mundial da Saúde], para avaliar a situação, acelerar os testes de diagnóstico e implementar medidas de controlo”.
O fenómeno, descrito pelas autoridades sanitárias como “um evento de saúde pública desconhecido”, está atualmente confinado à região de Panzi, a cerca de 700 quilómetros de Kinshasa.
O alerta sanitário foi declarado pela primeira vez em 25 de outubro e os doentes apresentam febre, dores de cabeça, tosse, congestão nasal, dificuldades respiratórias e anemia.
Desde então e até sexta-feira, as autoridades sanitárias congolesas registaram 135 mortes – apenas 31 das quais em centros de saúde, o que sugere que as pessoas estão a morrer em casa – e 416 casos, informou, no domingo, a estação de rádio das Nações Unidas no país, Radio Okapi.
Na região remota de Panzi, de difícil acesso e onde as infraestruturas sanitárias são praticamente inexistentes, a população vive numa situação de pobreza generalizada, sofrendo de falta de acesso a água potável e a medicamentos.
De acordo com os primeiros dados disponíveis, a doença misteriosa afeta sobretudo os mais jovens, com 40% dos casos a ocorrerem em crianças com menos de cinco anos.
Segundo o diretor do Instituto Nacional de Saúde Pública, Dieudonne Mwamba, a zona onde a doença terá tido origem, Panzi, é uma área “frágil”, com mais de 40% dos seus habitantes a sofrer de malnutrição.
A zona também foi atingida por uma epidemia de febre tifoide há dois anos e atualmente existe um ressurgimento da gripe sazonal em todo o país.
A RDCongo enfrenta também uma epidemia de varíola, com mais de 47.000 casos suspeitos e mais de 1.000 mortes suspeitas da doença no país, de acordo com a Organização Mundial da Saúde.