Um ano de Manuel Pizarro: A avaliação de Helder Mota Filipe e Henrique Reguengo 945

Ordens, federações e sindicatos ligados à saúde avaliam o primeiro ano de mandato de Manuel Pizarro como difícil, apontando que quando tomou posse “deu esperança”, mas essa esfumou-se na “incapacidade” de convencer Medina e Costa a investir no SNS.

O anúncio de que Manuel Pizarro, o médico especialista em medicina interna que foi secretário de Estado da Saúde nos dois executivos liderados por José Sócrates, entre 2008 e 2011, ia substituir Marta Temido no Ministério da Saúde aconteceu a 09 de setembro de 2022.

Um ano depois e após dezenas de reuniões com organizações representativas dos profissionais de saúde, a avaliação que estes fazem do homem que disse que regressava a Portugal – liderava então os deputados do PS no Parlamento Europeu – “cheio de determinação e de vontade de trabalhar a favor da saúde dos portugueses e do SNS” não é negativo, mas não chega a ser positivo.

Questionado pela Lusa sobre que balanço faz de um ano de mandato de Manuel Pizarro, o bastonário da Ordem dos Farmacêuticos (OF), Hélder Mota Filipe, acrescenta à análise outros dois protagonistas: o secretário de Estado Ricardo Mestre e o diretor-executivo do SNS, Fernando Araújo, considerando que “a equipa dificilmente podia ser melhor do que esta, mas os resultados tardam”.

“Trouxeram uma grande esperança porque são pessoas muito bem preparadas, com conhecimento aprofundado e vontade de mudar o sistema. Há boa vontade e uma maior abertura para dialogar. Mas por exemplo no que diz respeito à alteração da carreira dos farmacêuticos no SNS: a lei tem problemas à nascença. Há aspetos positivos como a residência farmacêutica, mas gostaria de ver maior proatividade e maior capacidade de transformar a boa vontade em resultados”, concluiu.

Mais duro é o Sindicato Nacional dos Farmacêuticos com o presidente Henrique Reguengo a ir ao encontro das opiniões sobre o Ministério da Saúde padecer de falta de autonomia e a dizer que chegou a ter “esperança” que “uma personalidade com peso no PS” mudasse este paradigma, o que “não aconteceu”, considerou.

“Acho que não há autonomia nenhuma e esse é claramente um problema de Manuel Pizarro. Tínhamos alguma esperança quando tomou posse por sabermos que é uma personalidade dentro do PS com algum peso político. Pensamos que as Finanças podiam ter um bocadinho mais de respeito pelo que se passa na Saúde, mas ao fim de um ano, no que diz respeito aos farmacêuticos, a frustração é absoluta e completa. Um ano de mandato corresponde a zero no que diz respeito aos farmacêuticos”, referiu à Lusa.

Manuel Pizarro, que por duas vezes foi candidato derrotado a presidente da Câmara do Porto e teve vários cargos políticos e partidários, nasceu em 1964, em Coimbra, mas residiu sempre no Porto, cidade em que foi médico no Centro Hospitalar e Universitário de São João e diretor clínico do Hospital da Ordem da Trindade.

São secretários de Estado de Manuel Pizarro, Ricardo Mestre e Margarida Tavares, esta com a pasta da Promoção da Saúde.