Inês Matos, estudante do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (FFUP), sagrou-se, nos finais de julho, em Debrecen (Hungria), campeã europeia universitária de ténis de mesa, ao vencer a prova de singulares femininos dos Jogos Europeus Universitários 2024 (EUSA GAMES).
Ao NETFARMA, a estudante de Farmácia conta um pouco do seu percurso e das suas ambições.
12 anos de ténis de mesa
Inês Matos joga ténis de mesa há 12 anos, sendo que tudo começou no 3ª ano com o professor de Educação Física, Pedro Almeida, que “trouxe” o ténis de mesa para as suas aulas.
A jovem gostou da modalidade e quando Pedro Almeida foi desafiado pela junta de freguesia de Alcântara a começar um clube, “formou-o comigo”, refere.
Ao longo da sua carreira, já teve vários treinadores, “mas tenho de agradecer sem dúvida a quem começou tudo comigo, ao Pedro Almeida, e também ao Carlos Guilherme”.
O gosto pela bata branca
O gosto pela Farmácia também surgiu na sua vida há alguns anos. Desde pequena que sonhava ter um trabalho em que “pudesse utilizar uma bata branca” e, à medida que foi crescendo, que começou a admirar “o trabalho das pessoas que estão na farmácia”, daí a sua escolha de curso.
Apesar de o seu gosto ter nascido pelo que via acontecer na farmácia comunitária, hoje afirma que, fruto das “aulas práticas de laboratório, fui ganhando um gosto (que não estava à espera) pelas análises clínicas e, por isso, gostaria de dedicar-me a esta área”. Porém, também não põe de parte a hipótese de trabalhar “na farmácia comunitária ou hospitalar”.
Aprender a gerir o tempo
Dividindo o seu tempo, sobretudo, entre os treinos e os estudos, atualmente, a atleta está inscrita na faculdade em regime parcial, precisamente, “para tentar gerir ao máximo o desporto e a faculdade”. Todavia confessa não ser fácil: “por vezes, não consigo focar-me em nenhuma das áreas e fico um pouco perdida. Mas acho que é tudo uma questão de ir aprendendo a gerir o tempo e as prioridades nas alturas certas”.
A gestão do tempo é, deste modo, o seu maior desafio. “Parece que os momentos importantes, de maior esforço, acontecem todos ao mesmo tempo, mas tenho noção de que dou sempre o meu melhor em tudo o que faço… sabendo que muitas vezes falho nos estudos”.
Uma campeã sem reação
Apesar de já terem passados alguns dias após ter-se tornado campeã europeia universitária de ténis de mesa, “acho que ainda não caí em mim”.
Desde pequena que a atleta imaginava o que poderia fazer, “como qual seria o meu festejo ou o meu grito da vitória”, mas, agora, relembrando o momento em que ganhou o ponto que lhe deu a vitória, confessa que “nem eu própria acreditava que tinha conseguido e fiquei sem reação”.
E se não jogasse ténis de mesa?
Inês Matos pensa muitas vezes como poderia ser a sua vida se não tivesse abraçado o ténis de mesa, pois “este realmente mudou a minha vida em todos sentidos”.
Desde logo, fê-la deixar a família/amigos, que estão em Lisboa, para trás, porque “com apenas 16 anos mudei-me para Vila Nova de Gaia para poder treinar no centro de alto rendimento de ténis de mesa, onde continuo”.
Outro aspeto em que às vezes pensa é que pode estar a ‘perder’ a sua “adolescência, visto que vejo os meus amigos aproveitarem a vida de uma maneira que talvez eu nunca tenha aproveitado”.
No entanto, apesar dos ‘ses’, salienta que “não estou arrependida das minhas escolhas, muito pelo contrário”.
Atleta ou farmacêutica?
Olhando para o futuro, a estudante ainda não sabe a resposta a esta pergunta.
Porém, explica que, como atleta, “ainda tenho muito para evoluir e estou empenhada em continuar a aprender e a melhorar no que puder”. Assim sendo, revela que tem algumas ambições a nível do ténis de mesa, “mas prefiro mantê-las privadas, pois é algo que gosto de guardar para mim porque acredito que são parte da minha motivação”.
Quanto à Farmácia, “tenho a ambição de terminar o curso e de trabalhar nesta área, mas também não quero desconectar-me por completo do ténis de mesa porque me marcou bastante e ganhei um grande gosto pela modalidade”.