UMinho: Mutações genéticas comprometem eficácia de fármacos contra a malária 16 de Junho de 2016 As universidades do Minho e de Columbia (EUA) provaram que mutações genéticas estão a «comprometer a eficácia» dos fármacos usados no combate à malária, incluindo a do composto cuja descoberta foi distinguida com o Nobel da Medicina em 2015. Em comunicado, a Universidade do Minho (UMinho) adiantou ontem que um estudo coordenado pela investigadora do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde da academia minhota, Isabel Veiga demonstrou que as mutações no gene pfmdr1 «colocam em causa» a eficiência do combate à malária através do tratamento à base de artemisinina, fármaco considerado o mais eficiente neste âmbito e cuja descoberta valeu o Prémio Nobel da Medicina à chinesa Youyou Tu. A UMinho lembra que a malária continua a ser «uma das doenças mais perigosas», colocando «em risco» metade da população mundial, e que em 2015 foram registados cerca 214 milhões de casos de malária dos quais 438 mil pessoas resultaram na morte do doente (nove em cada dez mortes ocorrem na África subsaariana). «Um dos principais fatores responsáveis pela falta de controlo desta doença é o aparecimento de resistência aos fármacos», afirma Isabel Veiga, cujo trabalho, publicado recentemente na “Nature Communications”, salientou a importância de mutações no pfmdr1 na resposta do parasita da malária (Plasmodium falciparum) a diversos antimaláricos usados clinicamente. A investigação avaliou também «milhares» de genomas daquele parasita para determinar a prevalência e as associações regionais destas mutações. «Num mundo globalizado de rápido fluxo de pessoas e bens, é normal existir maior facilidade para transmissão de doenças infectocontagiosas. A deteção da diversidade genética do parasita da malária e a sua implicação na eficiência dos tratamentos torna-se crucial para o controlo e a contenção da doença, evitando epidemias futuras. Em Portugal, esta área é importante em termos científicos e de saúde pública, principalmente devido às ligações crescentes com os Países Africanos de Linga Oficial Portuguesa», refere no texto a cientista, citada pela “Lusa”. A UMinho lembra ainda que «embora a taxa de mortalidade [associada à malária] tenha diminuído em quase 25% desde 2000, a doença continua a matar uma criança por minuto na África». A malária é transmitida pela picada dos mosquitos Anopheles, contaminados pelo parasita Plasmodium e os principais sintomas são febre e dor de cabeça, que, em alguns casos, podem progredir para coma ou morte. |