Universidade do Porto avalia níveis de vitamina D na população idosa 05 de Abril de 2016 Investigadores da Faculdade de Ciências da Nutrição e da Alimentação da Universidade do Porto (FCNAUP) estão a verificar os níveis de vitamina D nos idosos, através de um estudo sobre o estado nutricional desta população. Com o projeto “Nutrition UP 65 – nutritional strategies facing an older demography” os responsáveis pretendem conhecer o estado nutricional da população idosa portuguesa acima dos 65 anos e, com base nos dados recolhidos, transmitir informação sobre alimentação e nutrição aos profissionais de saúde, cuidadores e idosos. Em depoimentos à “Lusa”, o investigador Nuno Borges disse que «há suspeitas de que em Portugal possa haver um nível excessivamente elevado de pessoas com défice de vitamina D», com base em estudos realizados em países com condições semelhantes. A carência desta vitamina, principalmente na população idosa, pode levar a problemas ósseos, visto que a sua ausência torna o osso mais frágil e mais suscetível de partir. «Contrariamente a todas as outras», a vitamina D pode ser produzida através da exposição solar, no entanto, segundo o investigador, num país com as características de Portugal, a síntese entre outubro e abril é «praticamente inexistente». A sua síntese depende da duração da exposição ao sol, do tom da pele da pessoa (quanto mais escura a cor da pele mais difícil é a síntese) e da inclinação dos raios solares, explicou. De acordo com o investigador, este assunto é matéria de debate entre nutricionistas e dermatologistas «porque a mesma radiação que sintetiza a vitamina D é responsável, a longo prazo, pela incidência de melanoma, a forma mais grave de cancro de pele». Quando a quantidade sintetizada não é suficiente, o organismo consegue aproveitar alguma vitamina D que vem da alimentação, embora sejam muito poucos os alimentos que a contêm. A grande fonte encontra-se no peixe gordo – sardinha, cavala, salmão e atum – mas para atingir os níveis recomendados «implicaria um consumo quase diário», o que «não é desejável», esclareceu Nuno Borges. Outras opções são a gema de ovo, o fígado e o óleo fígado de bacalhau – estes últimos dois ricos em vitamina D, mas pouco tolerados e pouco consumidos -, acrescentou. A existência de produtos reforçados com esta vitamina, nomeadamente o leite (em prática em alguns países do Norte) e o sumo de laranja (já aplicado nos Estados Unidos), pode ser outra alternativa, indicou o investigador. Esta solução é, no entanto, incompleta, visto que a «fortificação por esse método só atingiria as pessoas que bebem leite» e em Portugal o consumo deste produto «tem diminuído 10% por ano». Nuno Borges acredita anda que a última possibilidade é o recurso a medicação que contenha vitamina D, que pode ser tomada durante os meses de maior carência, ou seja, de outubro a março/abril. O projeto “Nutrition UP 65” é coordenado por Teresa Amaral e conta com a participação de investigadores e assistentes de investigação da FCNAUP, do Departamento para a Pesquisa do Cancro e Medicina Molecular da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia e da Unidade Local de Saúde do Alto Minho, EPE. Iniciado em abril de 2015, vai ser finalizado em abril de 2017, e foi financiado pelo EEAGrants – Programa Iniciativas de Saúde Pública – em 519 mil euros, tendo sido 15% desse montante assegurado pela Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto. |