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Universidade do Porto estuda perfil psicológico dos seus estudantes de medicina

09 de setembro de 2014

A Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) está a estudar o perfil psicológico dos seus estudantes para «reduzir o stresse e melhorar a qualidade de vida» dos futuros médicos, anunciou hoje a instituição.

Num comunicado, citado pela “Lusa”, a FMUP adianta que o projeto ‘To be a doctor (Medical education: a longitudinal study of students’ satisfaction, performance and psychosocial profile)’ vai seguir um grupo de estudantes ao longo dos seis anos de curso e nos três primeiros anos de prática clínica, avaliando-o regularmente através de entrevistas e resposta a questionários.

A avaliação incluirá ainda um «estudo laboratorial com doseamento de substâncias que se sabe serem marcadores de níveis elevados de stresse» e que «sinalizará o risco para algumas doenças».

De acordo com a professora da FMUP e investigadora responsável pelo projeto, Margarida Braga, «o objetivo é avaliar a experiência que o curso de Medicina vai representar para os estudantes em função de características pessoais (género, personalidade, experiência pessoal, capacidade de comunicação, forma de lidar com o stress) e do contexto (exigências curriculares, atividades de lazer, relacionamentos afetivos e suporte social), a performance académica e a satisfação».

Segundo o comunicado, estão atualmente já a ser seguidos os estudantes que transitaram para o 2.º e 3.º anos do mestrado integrado em Medicina da FMUP, mas ao longo desta semana vão ser recrutados os “caloiros” da faculdade.

«Ser estudante do ensino superior não é fácil. Sair de casa, criar uma nova rede de amigos e dar resposta a um nível de exigência académica elevado pode ser difícil de gerir», refere a FMUP, salientando que «ser estudante de medicina pode ser ainda mais complicado, quer pelo esforço que permitiu ao estudante ter notas para ingressar neste curso, quer pelos desafios que se lhe vão apresentar nos anos subsequentes».

De acordo com a fonte, sabe-se hoje que uma «percentagem elevada» de estudantes do ensino superior tem, por exemplo, níveis de ansiedade altos, sendo objetivo dos investigadores do Departamento de Neurociências Clínicas e Saúde Mental da FMUP «saber porquê, em que medida essa ansiedade está relacionada com as características pessoais de cada um e com a vida académica e se há algum risco importante para a saúde dos estudantes».

Com o projeto os investigadores pretendem ainda «conhecer quais os fatores que protegem os estudantes e contribuem para manter o seu bem-estar», pelo que lhes vai ser pedido que «indiquem o seu grau de satisfação com o curso e com a sua vida pessoal e social ao longo dos anos».

Segundo a FMUP, os resultados do trabalho vão «contribuir para o conhecimento científico de modo a melhorar a compreensão da experiência académica e profissional dos estudantes de medicina, do impacto pessoal e profissional dessa experiência».

«Sabe-se que a saúde dos estudantes de medicina tem impacto no seu desempenho escolar, e na qualidade da sua prática clínica. Em última análise, as conclusões deste estudo vão permitir intervir, minimizando o stresse dos estudantes e melhorando a sua qualidade de vida», frisa Margarida Braga.

Embora esteja atualmente apenas a analisar os estudantes da FMUP, a equipa de investigação – que colabora com estudos que estão a ser desenvolvidos noutras universidades do país, do Reino Unido e do Brasil – diz pretender «em breve» incluir estudantes de outras faculdades.

Em preparação está também a avaliação dos padrões do sono dos futuros médicos, que deverá ser realizada com a colaboração de uma equipa de investigação da Universidade de Aveiro e de Braga.