Urologista: Disfunção sexual feminina é frequente mas está subdiagnosticada 04 de Novembro de 2015 O urologista Mário Reis disse ontem à “Lusa” que a disfunção sexual na mulher, embora frequente, «passa muitas vezes despercebida», sendo subdiagnosticada por vários motivos, nomeadamente por vergonha da mulher, motivos socioculturais, falta de comunicação e também por desconhecimento.
O especialista, que falava a propósito das 12.ª Jornadas de Urologia, dirigidas a médicos de Medicina Geral e Familiar, que se realizam na quinta e sexta-feira, no Porto, salientou que no caso do homem já se encontraram soluções «satisfatoriamente eficazes», mas «na mulher continua sem tratamento, na maioria dos casos, dada a sua complexidade».
Disfunção sexual, incontinência urinária, cancro da próstata, infeção urinária, litíase (pedra nos rins), hiperplasia benigna da próstata, ética e boas práticas são alguns dos temas que serão abordados no encontro, organizado pelo Serviço de Urologia do Hospital da Venerável Ordem da Lapa, no Porto.
O responsável pela organização das jornadas esclareceu que a disfunção sexual feminina envolve aspetos como alterações do desejo, alterações de excitação e do orgasmo e dispareunia (dor durante o ato sexual).
Problemas psicológicos, uso de medicamentos, ansiedade, desequilíbrios hormonais, traumas sexuais, falta de experiência sexual e de conhecimento do corpo e problemas afetivos ou de natureza relacional são algumas das causas apontadas para o problema.
«Apenas 11% a 30% das mulheres procuram ajuda profissional e 68% revelam-se satisfeitas com o seu relacionamento sexual global», afirmou.
No seu entender, o médico de família é fundamental na mudança deste panorama, dado a relação de proximidade e de confiança que mantém com a doente, mas «exige tato, conhecimento e profissionalismo».
«A abordagem terapêutica da disfunção sexual feminina é fundamentalmente do foro psicológico, o que nem sempre é fácil», sublinhou Mário Reis.
Na reunião estarão também em análise as infeções urinárias e a problemática da resistência desenvolvida pelas bactérias aos antibióticos.
O urologista salientou que a resistência aos antibióticos transformou-se recentemente numa «ameaça global» e doenças que eram curadas com relativa facilidade até há pouco tempo podem «voltar a matar cerca de 10 milhões de pessoas até 2050», de acordo com um alerta Organização Mundial de Saúde.
O objetivo das Jornadas é alertar os médicos de Medicina Geral e Familiar para estas patologias, «muitas vezes diagnosticadas tardiamente». Além disso, pretende-se uma atualização dos pontos mais controversos e esclarecer áreas habitualmente menos conhecidas e discutidas, refere a organização. |