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Urticária afeta um quarto da população portuguesa

11 de Maio de 201

Um em cada quatro portugueses sofrerá de urticária e, destes, cerca de um quarto desenvolverá a forma crónica de uma doença que afeta sobretudo a autoestima de quem dela padece, disse à agência “Lusa” a imunoalergologista Célia Costa.

Patrícia Vicente é uma destas doentes e tem como projeto a criação de uma associação que ajude a desmistificar esta patologia e ajudar doentes, familiares e amigos.

A médica Célia Costa, do Hospital de Santa Maria, explicou que, apesar de não existirem dados específicos sobre a população portuguesa, é possível transpor para Portugal os dados conhecidos sobre a população mundial.

Segundo a especialista, a urticária crónica grave tem um impacto «significativamente negativo» na qualidade de vida dos doentes, porque afeta a sua imagem devido às lesões na pele que, por vezes, são confundidas com uma doença infeciosa ou contagiosa.

Esta situação leva a que os doentes se isolem, porque têm vergonha de se expor aos outros. Os efeitos negativos incluem também a privação do sono e comorbilidades ou desordens psicológicas, como depressão e ansiedade.

«Os sintomas (comichão forte e contínua) são irritantes, com agravamento durante a noite, o que interfere na qualidade do sono», explicou a médica, adiantando que o facto de a pessoa não dormir bem tem «repercussões na vida social, na capacidade de concentração, na performance laboral e na disponibilidade em estar com os outros».

Na página de Facebook “Urticária Crónica Portugal”, criada por Patrícia Vicente, os visitantes podem partilhar a sua experiência e conhecer outras pessoas com o mesmo problema.

«A ideia surgiu de não haver contacto com os doentes e não nos conhecermos, a não ser um ou outro que faça tratamento em conjunto», contou Patrícia, que conheceu o seu diagnóstico há quatro anos, quando tinha 30 anos.

O diagnóstico não foi fácil de descobrir e a informação sobre a doença é «muito escassa», disse Patrícia Vicente, contando que «os sintomas são muitos parecidos com uma urticária» provocada por uma picada de inseto ou por um alimento que provocou alergia.

«A diferença é que dura, dura e dura», comentou a doente, apelando às pessoas para procurarem um alergologista quando a comichão que sentem não diminui com um anti-histamínico.

Para Célia Costa, «faz todo o sentido» haver uma associação que represente os doentes e divulgue a doença.

«É óbvio que a urticária crónica não tem um elevado índice de mortalidade, mas tem um elevado índice de morbilidade», disse a médica, sublinhando que «há doentes que têm urticária crónica durante 20 anos».

«Muitas vezes, estes doentes têm medo que a doença possa ser um tumor, algo mais grave e, como não são tratados adequadamente, consomem muitos recursos humanos e económicos».

Isto porque recorrem «a vários especialistas, a vários médicos, a vários serviços de urgência e mudam várias vezes de tratamentos», até ser feito o diagnóstico correto, explicou Célia Costa.

Para a médica, é preciso alertar outros clínicos para a necessidade de referenciar estes doentes e de os encaminhar para um especialista, de modo a que sejam tratados adequadamente, permitindo «melhorar não só a [sua] qualidade de vida», «mas também diminuir» a mobilização de «recursos humanos e económicos».