A Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC) defende o uso generalizado de máscaras pela população como forma de proteger os doentes de risco, onde se incluem os doentes cardiovasculares.
Para a SPC, o uso generalizado das máscaras constitui uma medida cívica que protege todos, sobretudo os doentes de risco, além de que pode permitir o reinício da convivência social e da atividade económica de forma mais segura e solidária.
“É verdade que a máscara protege pouco quem a usa e, sobretudo se for mal utilizada, pode dar uma falsa sensação de segurança. Mas também é verdade que se pode ser portador e disseminar o vírus sem se sentir doente e que, por conseguinte, o uso de máscara protege os outros. A nossa principal proteção é a máscara do outro”, reforça o presidente da SPC, Victor Gil.
Não existem estudos de grande escala para fundamentar o uso universal de máscaras em contexto de epidemias por vírus de transmissão por gotícula, como é o caso do Influenza, o vírus responsável pela gripe. No entanto, algumas experiências populacionais reforçam a justificação empírica para o seu uso (Risk Anal. 2010 Aug;30(8):1210-8. doi: 10.1111/j.1539-6924.2010.01428.x. Epub 2010 May 20; Influenza Other Respir Viruses. 2012 Jul;6(4):257-67. doi: 10.1111/j.1750-2659.2011.00307.x. Epub 2011 Dec 21). Por um lado, diminuem a exposição de grupos mais vulneráveis e de maior risco, para os quais a sua utilização deve ser recomendada. Por outro, diminuem o risco de aerossolização de gotículas infetadas por indivíduos doentes ou portadores assintomáticos, mitigando o risco de transmissão. Neste último grupo incluem-se muitos dos doentes mais jovens e saudáveis, ativos e com maior mobilidade, para os quais não se justificaria o uso generalizado de máscaras para sua proteção individual, mas que poderá contribuir para o reforço de proteção dos grupos de risco, nos quais os doentes com patologia cardiovascular se inserem.
É por esta lógica de proteção individual e, de forma mais pertinente, de prevenção de transmissão aos grupos mais vulneráveis, que se justifica o uso universal de máscaras em locais públicos fechados ou em que não se possa garantir o isolamento social desejável, de acordo com o risco da atividade praticada. Trata-se de uma medida cívica que pode permitir o reinício da convivência social e da atividade económica de forma mais segura e solidária (Lancet Respir Med 2020. Published Online March 20, 2020 https://doi.org/10.1016/S2213-2600(20)30134-X; Published Online April 16, 2020 https://doi.org/10.1016/S0140-6736(20)30918-1). A recomendação do uso de máscara pode não ser sustentada por robusta evidência produzida por ensaios clínicos, mas é justificada pelo “princípio da precaução” (BMJ 2020;369:m1435 doi: 10.1136/bmj.m1435 (Published 9 April 2020)
Os Centers for Disease Control dos Estados Unidos, inicialmente reticentes, passaram a recomendar, a partir de 4 de Abril, o uso de máscaras comunitárias pela população geral (Centers for Disease Control. How to protect yourself. 4 Apr 2020. https://www.cdc.gov/ coronavirus/2019-ncov/prevent-getting-sick/prevention.html?CDC_AA_refVal=https%3A% 2F%2Fwww.cdc.gov%2Fcoronavirus%2F2019-ncov%2Fprepare%2Fprevention.html).
O uso de máscara é um exercício solidário de cidadania!
Se sair de casa, use máscara, pela sua e pela nossa saúde!