Utentes condenam redução de horário de centros de saúde no Norte 08 de Janeiro de 2015 O porta-voz do Movimento de Utentes de Saúde, Manuel Villas-Boas, considerou hoje «absolutamente inconcebível» a decisão da Administração Regional de Saúde do Norte de reduzir o horário de funcionamento de alguns centros de saúde. «Já não basta os problemas que existem atualmente no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e, nomeadamente, nestas alturas mais críticas. É uma decisão absolutamente inconcebível. Essa é uma medida que vem a contraciclo. Não se admite», afirmou. Na sua edição de hoje, o “Jornal de Notícias” revelou que a ARS/Norte vai acabar, a partir de 01 de fevereiro, com o prolongamento de horário em dez unidades de saúde familiar com baixa procura. Segundo o “JN”, que cita Rui Cernadas, do Conselho Diretivo da ARS/Norte, das 30 unidades de saúde familiar do Norte que têm prolongamento de horário, oito vão deixar de funcionar ao fim de semana e duas não estarão abertas depois das 20 horas. «São unidades com baixa atividade no horário de prolongamento e onde há alternativas», disse o responsável. As USF que vão deixar de funcionar à noite e ao fim de semana fazem parte dos agrupamentos de centros de saúde do Alto Ave, Braga, Gaia/Espinho e Feira. Para o porta-voz dos utentes de saúde «estamos a assistir a um descalabro autêntico, é uma vergonha, e os responsáveis por estas políticas devem ser criminalizados por elas». Em seu entender, uma das razões para o que se passa nas urgências hospitalares tem a ver com o encerramento de centros de saúde: «Muitos já foram fechados e agora está-se a ver que em situações de urgência a tendência é para os utentes se dirigirem para os hospitais, entupindo as urgências». «A situação de falecimento de pessoas é um ato criminoso, os responsáveis devem ser criminalizados por esta situação. É uma vergonha o que está a acontecer no país», frisou. O responsável considerou «urgente o reforço de meios nos serviços de urgência hospitalares, nomeadamente, a contratualização a tempo inteiro dos profissionais necessários, médicos, enfermeiros, auxiliares e assistentes operacionais. O que tem havido são situações precárias, recorrendo a serviços de empresas». Manuel Villas-Boas criticou ainda as «contradições» do Ministério da Saúde, que «numa semana disse que os horários dos centros de saúde iriam ser alargados, para ajudar a resolver o problema das urgências hospitalares, e na semana a seguir diz que vai reduzir. Em que ficamos?». «Os utentes estão revoltadíssimos. A situação está-se a agravar por que já não são só os picos de afluência. Em situações normais o Serviço Nacional de Saúde também se está a degradar. As políticas seguidas pelo Ministério estão a resultar na destruição do SNS», acrescentou. Citado pelo “JN”, o presidente da Associação Nacional das USF (Unidades de Saúde Familiares), Bernardo Vilas-Boas critica também a «política de desinvestimento nos cuidados de saúde primários» por conduzir «a uma maior procura das já saturadas urgências hospitalares e do setor privado». Também o bastonário da Ordem os Médicos disse ao “JN” que «quem fecha serviços com base em médias não percebe nada de saúde. O sistema já colapsou, temos doentes a morrer sem assistência». |