Utentes da saúde do Médio Tejo querem “mais e melhor” serviço de proximidade 621

Utentes da saúde do Médio Tejo querem “mais e melhor” serviço de proximidade

 

09 de março de 2017

A valorização dos cuidados de saúde de proximidade e a defesa da articulação dos diversos prestadores de cuidados de saúde são dois dos objetivos definidos pelas estruturas de utentes do Médio Tejo e apresentados ontem em Abrantes.

Em declarações à agência “Lusa”, o porta-voz da Comissão de Utentes da Saúde do Médio Tejo (CUSMT) disse que «o momento é de análise, apresentação de propostas e das diversas iniciativas dos utentes», pretendendo-se «corrigir o que está mal e multiplicar o que está bem».

Manuel Soares falava à “Lusa” em Rossio ao Sul do Tejo, Abrantes, no distrito de Santarém, no âmbito de uma iniciativa que passa também por Torres Novas e por Tomar.

O representante destacou o recente trabalho desenvolvido pela CUSMT – com apresentação de propostas para melhoria dos serviços, contactos com entidades responsáveis e iniciativas de informação e envolvimento das populações -, em coordenação com o secretariado do Movimento de Utentes de Saúde Pública (MUSP) de Santarém e as Comissões de Utentes dos Serviços Públicos de Torres Novas, Abrantes, Tomar, Entroncamento, Vila Nova da Barquinha e Constância.

«Defendemos a necessidade de ampliar o serviço de Urgência na unidade hospitalar de Abrantes, o reforço dos cuidados primários e cuidados continuados, e que os três hospitais do Centro Hospitalar do Médio Tejo [Abrantes, Tomar e Torres Novas, separados geograficamente entre si por cerca de 30 quilómetros] tenham o serviço de pediatria, de cirurgia, de medicina interna e de urgência médico-cirúrgica», indicou.

Atualmente, o serviço é prestado em regime de complementaridade de valências.

Manuel Soares apontou como dificuldades «os constrangimentos financeiros nacionais e europeus, em que se gasta mais em juros do que com o Serviço Nacional de Saúde»; o facto de «não ser dada a primazia ao setor da saúde no âmbito do financiamento das atividades do Estado»; e «problemas que resultam de erradas políticas de recursos humanos, especialmente na área da formação médica».

Segundo o dirigente da CUSMT, em resultado destes constrangimentos «estão hoje trinta mil utentes sem médico de família».

Os concelhos de de Sardoal, Abrantes, Torres Novas e Ourém são «os casos mais graves», onde «os profissionais estão a atingir os seus limites físicos».

Foram também assinalados «o número insuficiente de trabalhadores; problemas com instalações, mobiliário, meios de transporte, equipamentos; apoio domiciliário e à comunidade insuficiente; horários desajustados à disponibilidade de utentes; não aproveitamento integral das potencialidades das unidades de saúde, por exemplo, em meios complementares de diagnóstico e terapêutica; deficitária informação sobre cuidados de saúde e organização dos serviços».

O representante, que «saudou» a recente recondução do Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Médio Tejo, disse que a CUSMT «vai não só continuar, como intensificar o trabalho de análise crítica e construtiva para a resolução dos problemas da saúde no Médio Tejo».

A estrutura de utentes pediu também reuniões a todos os deputados eleitos na Assembleia da República pelo distrito de Santarém.

Manuel Soares alertou para facto de este ano, a propósito do Centenário das Aparições de Fátima, se «prever uma utilização extraordinária das rodovias do distrito», seja por peões, seja por veículos automóveis.