Vendida sem receita médica, a nicotina foi a substância mais consumida durante os primeiros três meses de 2020. Em seguida aparecem aparecem a vareniclina e o bupropiom, ambos sujeitos a receita.
A informação é avançada pelo “Jornal de Notícias” (JN), que cita dados da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P. (Infarmed).
Durante o primeiro trimestre do ano, e de acordo com o Infarmed, os portugueses consumiram 57.637 embalagens de medicamentos para deixar de fumar, mais 11,7% (5.980) do que no mesmo período de 2019.
De acordo com Emilia Nunes, diretora do Programa Nacional de Prevenção e Controlo do Tabagismo, da Direção-Geral da Saúde (DGS), apesar de não ser possível analisar o número das consultas de cessação tabágica, pois passaram a ser feitas por teleconsulta, na sua perceção de médica, acredita ter havido uma quebra nos atendimentos pois muitos dos profissionais foram chamados para responder à covid-19.
Já José Alves, presidente da Fundação Portuguesa do Pulmão, indica ao JN que “nunca nenhum fumador deixou de fumar quando está com medo, quando está com stress”, antes pelo contrário.
“Quando há situações, tipo enfarte do miocárdio ou doença pulmonar obstrutiva crónica, em que as pessoas têm mesmo de deixar de fumar, nesse caso são medicados com nicotina, ou substâncias parecidas, que depois são retiradas aos poucos”, indica o fisiologista, que acrescenta que “para deixarem de fumar têm de estar emocionalmente bem”.
Para José Pedro Boléo-Tomé, da Sociedade Portuguesa de Pneumologia, a probabilidade das pessoas, em isolamento, confinadas em casa, recaírem ou piorarem as suas dependências é uma “probabilidade real”. Contudo, acredita que o facto de muitos fumadores terem filhos e terem sido obrigados a ficar com eles em casa, possa ter contribuído para uma maior preocupação em “manter o ambiente de casa sem fumo”.
Contudo, o pneumologista alertou para o chamado “tabagismo em terceira mão”, que consiste na contaminação “das divisões da casa, onde o fumador esteve a fumar”, nas quais ficam partículas cancerígenas, que podem ficar “presentes por muito tempo” e reagir com o ar ambiente, produzindo “substâncias ainda mais perigosas”.