Um tratamento promissor contra a Sida, que custa cerca de 40 mil dólares por pessoa por ano, poderia custar à volta de 40 dólares numa versão genérica, indica um estudo divulgado hoje (23) numa conferência sobre a doença, avança a Lusa.
O trabalho foi apresentado pelo investigador Andrew Hill, da Universidade britânica de Liverpool, na 25º Conferência Internacional sobre a Sida.
Este antirretroviral, desenvolvido pela empresa biofarmacêutica Gilead a partir da molécula lenacapavir, pode mudar a situação da luta contra a Sida, consideram muitos especialistas.
Trata-se de um tratamento muito mais fácil de administrar do que os comprimidos diários porque exige apenas duas injeções por ano, ainda que esteja a ser testado como medicamento preventivo (Profilaxia Pré-exposição ao VIH – PrEP), para evitar infeções, com 100% de eficácia, segundo um estudo preliminar recente.
Feito “como uma vacina”, este tratamento poderá “interromper a transmissão do VIH” se for administrado a pessoas de alto risco, como homossexuais e bissexuais, trabalhadores do sexo, prisioneiros ou mulheres jovens, sobretudo em África, disse Andrew Hill à agência noticiosa France-Presse.
Custando cerca de 40 mil dólares (36,8 mil euros) por ano, o lenacapavir está fora do alcance da maioria dos doentes, mas se a empresa norte-americana permitisse o seu fabrico em versão genérica o preço poderia descer para os 40 dólares (36,8 euros), tendo por base pedidos para 10 milhões de pessoas, calcularam os investigadores que participaram no estudo.
Há cerca de 10 anos, esta equipa de cientistas estimou que o tratamento da Gilead para a hepatite C, a 84 mil dólares (77,4 mil euros) por doente, poderia cair para 100 dólares (92 euros) se os genéricos fossem autorizados.
“Agora, tratar da hepatite C custa menos de 40 dólares”, assinalou Hill.
Numa entrevista à AFP divulgada na segunda-feira, a diretora executiva da Onusida, Winnie Byanyima, exortou a Gilead a “entrar na História”, autorizando a fabricação de genéricos do seu antirretroviral.
Perto de 40 milhões de pessoas viviam com o vírus que causa a Sida em 2023, ano em que foram infetadas com o VIH cerca de 1,3 milhões.