A Organização Mundial de Saúde (OMS) realizou um estudo com duração de quatro anos à resistência do VIH e concluiu que em pelo menos 12 países africanos, asiáticos e americanos, o vírus apresenta níveis inaceitáveis de resistência aos dois principais medicamentos usados para o seu tratamento.
Os dois medicamentos em questão são o efavirenz (EFV) e a nevirapina (NVP).
“As pessoas com vírus resistentes a EFV e/ou NVP têm uma probabilidade significativamente maior de experienciar a falha ou morte virológica, descontinuar o tratamento e adquirir novas mutações (do VIH resistente a medicamentos)”, indica a OMS.
A OMS explica que “esta resistência se desenvolve quando os pacientes não seguem o tratamento prescrito, muitas vezes porque não dispõem de bons acessos a cuidados de boa qualidade contra o VIH”.
“O tratamento funciona ao reduzir a quantidade de VIH no sangue até um nível indetetável, que – para além de proteger o sistema imunitário de se danificar – impede que o VIH seja transmitido. Tudo o que tenha o potencial de comprometer a eficácia do tratamento, tal como a resistência a medicamentos, apresenta uma barreira ao fim da epidemia”, avança..
No total dos 18 países que forneceram informação à OMS, a resistência manifesta-se em mais de 10% dos pacientes em Cuba, África do Sul, Nicarágua, Papua Nova Guiné, Uganda, Namíbia, Guatemala, Argentina, Zimbabué, Nepal e Suazilândia. Nas Honduras, cerca de um quarto dos infetados com VIH têm uma estirpe resistente a estes medicamentos.
Segundo a OMS, a receita destes dois fármacos em países cuja taxa de resistência do VIH é elevada pode desencadear mutações no vírus que o tornem ainda mais resistente.
O problema pode vir a ser particularmente grave em África, onde quase 30% da população está infetada com VIH.
Conclui-se que 7.8% dos homens seropositivos são resistentes aos medicamentos em questão, assim como 11,8% das mulheres seropositivas. Já as crianças seropositivas, metade é resistente a EFV, a NVP ou a ambas. Ainda assim, 77% ainda estão a ser receitados NVP, apesar da sua contraindicação.
Esta informação é reforçada pelo HIV Drug Resistance Report 2019, que também indica que mais de 10% dos seropositivos de 6 países africanos, asiáticos e da América Latina apresentavam resistência a medicamentos antirretrovirais.