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VIH: Projeto +Abraço fez 1.259 testes e nove deram positivo

01 de dezembro de 2014

O Projeto +Abraço realizou, entre março do ano passado e agosto de 2014, 1.259 testes de deteção do VIH/sida, a maioria a estudantes, dos quais nove deram positivo, segundo dados avançados à “Lusa” pela associação.

Este projeto consiste na realização de testes rápidos para o VIH «com o devido aconselhamento pré e pós testes» seguindo as linhas de recomendação do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças e da Coordenação Nacional para a Infeção VIH e sida.

Os 1.259 testes, em que 13 foram repetições, foram realizados no Porto, Matosinhos, Leça da Palmeira, Maia, Espinho, Furadouro, Esmoriz, Cortegaça, Gandra, Vila nova de Gaia, Famalicão, Marco de Canavezes, Penafiel e Covilhã.

Dos testes realizados, 828 foram em faculdades, 128 em ambiente recreativo, 111 em ações de rua, 118 em praias, 74 em gabinete.

Dois terços dos testes foram realizados a estudantes, 22% a trabalhadores, 6% a trabalhadores/estudantes, 3% a desempregados e 3% a reformados.

A maioria (68%) tinha entre 18 e 25 anos, 17% entre 26 e 35 anos, 7% entre 36 e 45, 5% mais de 55 anos e 3% entre os 46 e os 55 anos.

Os dados, divulgados a propósito do Dia Mundial da Luta Contra a Sida, que se assinala hoje, revelam que apenas 19% utilizam sempre preservativo no sexo vaginal. Já 62% disseram que apenas usam «às vezes» e 15% nunca utilizam.

No caso do sexo oral, 67% disseram que nunca utilizam preservativo, 16% confessaram que usam «às vezes» e 6% utilizam sempre.

Questionados sobre se utilizam preservativo no sexo anal, 17% disseram que nunca usam, 14% às vezes e 13% sempre. Os restantes (56%) afirmaram que não praticam este tipo de sexo.

Para o presidente da Abraço, Gonçalo Lobo, estes dados são preocupantes e indicam «cada vez mais a necessidade de trabalhar na prevenção».

«É uma área em que Portugal tem vindo a apostar» e o número de casos tem vindo a diminuir, mas «ainda existe uma franja da população que não usa preservativo nas relações sexuais», lamentou Gonçalo Lobo.

O presidente da associação defendeu que tem de haver «uma intervenção contínua no âmbito da sexualidade que venha surtir efeitos da prevenção do VIH».

«Nunca existiu uma política concertada no âmbito da saúde para a prevenção na área do VIH, existem sim ações pontuais mas que não são levadas a cabo de modo contínuo e, quanto estamos a falar na questão da sexualidade, esta não pode ser tratada na pontualidade», sustentou.

Por outro lado, «ainda há receio das pessoas fazerem o teste e, principalmente, pelos dados que tivemos relativos a 2013, isto acontece mais na população de homens que têm sexo com homens».

«Hoje em dia reconhece-se que há uma necessidade de intervenção mais especializada junto de determinados grupos (…), o que não quer dizer que todos os outros estejam protegidos da doença» frisou, explicando que o que está em causa na transmissão desta doença são os comportamentos de riscos a que toda a população está sujeita.

O presidente da Abraço salientou a importância do Dia Mundial de Luta Contra a Sida para alertar novamente para este risco: «Nunca é demais, quando estamos a falar do campo da saúde, das pessoas se protegerem e de terem comportamentos adequados».

Dados do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA) referem que, em 2013, foram diagnosticadas 1.093 novas infeções, 20,7% das quais já em estádio de sida.

 

Testes de VIH vão passar a ser de rotina

Os testes para diagnosticar o VIH vão passar a ser pedidos pelos médicos como uma análise de rotina. Até ao momento, o utente tinha de autorizar que lhe fosse feita a análise. Com a publicação de novas regras, por parte da Direção-Geral da Saúde, o doente será apenas informado de que o teste vai ser pedido. Se não quiser fazer a análise terá de a recusar.

De acordo com informação divulgada pela “TSF”, António Diniz, coordenador do Programa de Combate à Sida recusou a ideia de que esta nova regra vem banalizar o teste.
António Diniz defende que a medida vai, antes, permitir um combate mais precoce à doença assim como reduzir a discriminação de quem é testado.