VIH: Regime de 2-fármacos de Dovato é tão eficaz como o regime de 3-fármacos de Biktarvy 115

Foram anunciados os resultados às 48 semanas do estudo PASO DOBLE (GeSIDA 11720) (FSG), o maior ensaio clínico aleatorizado comparativo de fase IV que analisa o regime de dois fármacos, Dovato (dolutegravir/lamivudina [DTG/[3TC]) comparativamente ao regime de três fármacos, Biktarvy, (bictegravir/emtricitabina/ tenofovir alafenamida [BIC/FTC/TAF]) para o tratamento de VIH-1 em pessoas com supressão virológica e que poderiam beneficiar de uma otimização do tratamento.

Os resultados – que foram anunciados, em comunicado, pela ViiV Healthcare, especialista global em VIH e detida maioritariamente pela GSK, com a Pfizer e a Shionogi como acionistas – revelaram que a mudança para DTG/3TC em adultos com supressão virológica que vivem com VIH apresentou uma eficácia não inferior na manutenção da supressão viral em relação à mudança para BIC/FTC/TAF”.

“Os resultados do PASO DOBLE mostram que Dovato demonstrou uma eficácia não inferior à do Biktarvy e que o aumento de peso médio dos doentes com o regime DTG/3TC foi significativamente inferior aos do regime BIC/FTC/TAF ao longo do ano”, declarou Harmony Garges, diretora médica da ViiV Healthcare, acrescentando que “este é um resultado significativo, uma vez que o aumento de peso relacionado com o tratamento é importante para muitas pessoas que vivem com VIH”.

 

Ensaio clínico: objetivo primário cumprido

No PASO DOBLE, 553 pessoas que vivem com VIH iniciaram o tratamento com DTG/3TC (n=277) ou BIC/FTC/TAF (n=276).

“A população do estudo incluiu indivíduos que estavam a fazer uma terapêutica que podia ser otimizada, como regimes de múltiplos comprimidos, regimes potenciados ou fármacos com toxicidade cumulativa, como o efavirenz ou o tenofovir disoproxil fumarato (TDF)”, refere-se no comunicado.

O estudo cumpriu o seu objetivo primário quando “o DTG/3TC demonstrou uma eficácia não inferior à do BIC/FTC/TAF com base na proporção de participantes com RNA viral ≥50 cópias/mL às 48 semanas, utilizando a análise de snapshot da FDA e uma margem de não inferioridade de 4% na população exposta com intenção de tratar”.

Às 48 semanas, DTG/3TC foi não-inferior a BIC/FTC/TAF (diferença de risco entre DTG/3TC [2,2%] menos BIC/FTC/TAF [0,7%] de 1,4%, IC 95% -0,5 a 3,4).

No comunicado citado, é ainda revelado que “um participante no grupo BIC/FTC/TAF e zero no grupo DTG/3TC registaram uma falência virológica confirmada por protocolo até à semana 48 (ARN do VIH-1 ≥50 c/mL seguido de uma segunda avaliação consecutiva do ARN do VIH-1 ≥200 c/mL)”.

O estudo constatou, num parâmetro secundário, que “o peso aumentou significativamente mais nos participantes que mudaram para BIC/FTC/TAF (alteração média ajustada de 1,81 kg, IC 95% 1,28-2,34) do que nos que mudaram para DTG/3TC (alteração média ajustada de 0,89 kg, IC 95% 0,37-1,41) [diferença de 0,92 kg, IC 95% 0,17-1,66] até à semana 48. Além disso, a proporção de participantes com aumento de peso superior a 5% na semana 48 foi significativamente maior, 29,9% para BIC/FTC/TAF em comparação com 20% para DTG/3TC (OR ajustado 1,81, IC 95% 1,19-2,76)”.

A alteração de peso com DTG/3TC não diferiu entre homens e mulheres nem com base no regime anterior dos participantes, “enquanto que a proporção de participantes no ensaio que registaram um aumento de peso superior a 5% com BIC/FTC/TAF foi aproximadamente 45%% superior à dos participantes em DTG/3TC quando mudaram de um regime com abacavir (30.6% BIC/FTC/TAF vs 21.1% DTG/3TC), e cerca de duas vezes superior quando mudaram de um regime com TDF (40.7% BIC/FTC/TAF vs 19.5% DTG/3TC)”.

Por fim, é ainda referido que “o perfil de segurança foi comparável até à semana 48 e consistente com os perfis de segurança conhecidos. Registaram-se poucas interrupções devido a acontecimentos adversos em ambos os grupos de estudo (DTG/3TC = 1, 0,4%; BIC/FTC/TAF = 2, 0,7%), sem diferenças entre os grupos”.