VIH/sida pode deixar de ser epidemia global em 2030 738

30 de novembro de 2016

As Nações Unidas (ONU) estabeleceram o ano de 2030 como o fim da epidemia do VIH/sida, havendo apenas casos isolados, mas deixando de ser uma ameaça à saúde mundial. 

 

Em Portugal, os novos dados apontam para menos de 45 mil pessoas infetadas com VIH em Portugal, um número que é menos elevado do que as 65 mil a 70 mil pessoas que a própria ONU apontava para o país.

 

Noventa por cento das pessoas infetadas já foram diagnosticadas, tendo assim o nosso país cumprindo um dos três grandes objetivos da ONU para 2020: ter 90% das pessoas que vivem com VIH diagnosticadas. Para 2020, as Nações Unidas comprometem-se ainda a atingir a marca dos 90% para os diagnosticados em tratamento e para que os doentes em tratamento atinjam carga viral indetetável (tornando a possibilidade de transmissão baixa).

 

Entre 2020 e 2030, a ONU pretende pôr em prática os mesmos três objetivos, com uma meta que 95% para a mesma tríade.

 

Em vésperas do Dia Mundial de Luta Contra a Sida, que se assinala na quinta-feira, dia 1 de dezembro, António Diniz, antigo coordenador do Programa Nacional para o VIH/sida, lembra que atualmente a infeção é já considerada uma doença crónica. «Uma pessoa que aos 20 anos é diagnosticada com VIH e que faça os tratamentos e controlos virológicos adequados tem uma expetativa média de vida de mais 45 anos», exemplifica o especialista, em declarações à agência “Lusa”. Falar em erradicação parece mais difícil, reconhece o mesmo, para quem sem uma vacina será complicado atingir um completo desaparecimento da doença à escala mundial.

 

Já Gonçalo Lobo, o presidente da associação Abraço, recorda que, em 30 anos, o panorama da infeção mudou completamente. «Passámos de uma questão de mortalidade e de pouca esperança de vida, para outra questão, na qual estamos neste momento a trabalhar, que é como as pessoas envelhecem com o VIH e como podemos garantir melhor qualidade de vida numa idade mais avançada, tendo em conta que são doentes que fazem uma medicação crónica e que traz consigo algumas complicações inerentes ao funcionamento sistémico do organismo».