Vila Franca de Xira não aciona para já Plano de Emergência 11 de novembro de 2014 A Câmara Municipal de Vila Franca de Xira anunciou ontem à noite que não vai, para já, acionar o Plano Municipal de Emergência, em resposta ao surto de legionella, mas garantiu que vai manter monitorização permanente. O anúncio foi feito numa conferência de imprensa, pelo vice-presidente da autarquia, Fernando Ferreira, à saída de uma reunião da Comissão Municipal de Proteção Civil. «Iremos manter a monitorização imediata e permanente, a medida de encerramento dos equipamentos desportivos, assim como manteremos desligados os sistemas de rega e as fontes ornamentais», disse. Fernando Ferreira adiantou, contudo, que irá ser realizada uma nova reunião na quinta-feira para reavaliar a situação, segundo a “Lusa”. A Câmara de Vila Franca de Xira decretou, no domingo, por recomendação da Direção-Geral de Saúde (DGS), o encerramento provisório dos equipamentos desportivos das freguesias de Póvoa de Santa Iria, Forte da Casa e de Vialonga, as que registaram mais casos de surto de legionella. Foram ainda suspensas as aulas de Educação Física nas escolas e desligados os sistemas de rega e as fontes ornamentais. DGS: Primeira exposição ao surto anterior a 18 de outubro O diretor geral da Saúde afirmou ontem que a primeira exposição ao surto por legionella que está a afetar o concelho de Vila Franca de Xira é anterior ao dia 18 de outubro. Francisco George falava durante uma sessão de esclarecimento aos trabalhadores da empresa Adubos de Portugal, em Alverca do Ribatejo, uma das empresas que, por medida de precaução, desligou a torre de refrigeração. Nesta empresa, segundo disse o administrador da Adubos de Portugal, presente na sessão, foi registada «meia dúzia» de casos, citou a “Lusa”. De acordo com Francisco George, a primeira exposição à bactéria registou-se antes do dia 18 de outubro, tendo continuado durante a segunda quinzena do mesmo mês. O diretor geral da Saúde revelou ainda que vai ser criada uma morada de correio eletrónico para responder a dúvidas e aconselhou a ida ao hospital no caso de sintomas. Investigador: Atuais condições climatéricas facilitam propagação da bactéria O diretor do Laboratório de Microbiologia da Universidade de Coimbra (UC), Milton Costa, disse ontem que as atuais condições atmosféricas, com temperaturas amenas e alguma humidade atmosférica, facilitam a propagação da bactéria legionella. Em declarações à agência “Lusa”, Milton Costa realçou que «a humidade atmosférica deixa sobreviver as gotículas» com bactérias, libertadas «sobretudo pelas torres de ar condicionado», arrefecidas a água. «Com estas temperaturas e com a humidade que está», verificam-se condições «muito mais propícias à disseminação da bactéria», adiantou. Com mais humidade atmosférica e temperaturas que poderão rondar os 17 graus centígrados, «as gotículas não secam e sobrevivem mais tempo». A aspiração das gotículas contaminadas «é a única maneira de contrair esta doença», explicou Milton Costa, que preside, desde agosto, à Comissão Internacional de Sistemática de Procariotas, organismo responsável pela descrição e classificação de bactérias, com sede no Reino Unido. «Não temos de nos preocupar muito em encontrar legionellas em água fria, abaixo dos 17 graus», esclareceu. Estas bactérias «sempre existiram» na natureza. Os ambientes naturais quentes «são habitados por legionellas, mas raramente causam doenças», sublinhou Milton Costa, que é também diretor do Laboratório de Controle de Qualidade Microbiológica do Biocant, parque tecnológico de Cantanhede. Na semana passada, o Biocant «recebeu umas amostras» provenientes da zona de Vila Franca de Xira, onde foram detetados os primeiros casos do surto de legionella, as quais, «para já, estão negativas», acrescentou. Segundo Milton Costa, a doença «não se contrai» pelo consumo de águas minerais engarrafadas. «Isso é impossível», frisou. Também nas termas portuguesas, a probabilidade de ser contraída a doença é muita baixa. «Posso garantir que as termas que eu conheço têm muito cuidado com as legionellas», referiu, ao indicar que atualmente os operadores «têm muito cuidado», para não correrem o risco de ver as unidades encerradas por força da lei. O Laboratório de Microbiologia da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC, dirigido por Milton Costa, possui a maior coleção portuguesa de bactérias, que inclui estirpes clínicas e ambientais da legionella, que pode causar pneumonias atípicas de consequências graves para os humanos, incluindo a morte. Aquele laboratório conserva amostras de estirpes, conservadas a 80 graus negativos, «principalmente de nascentes termais de vários países», como Estados Unidos, Islândia, Itália, França, Espanha e Portugal, entre outros, mas também colhidas em ambientes artificiais, que estão disponíveis para investigadores de todo o mundo. |