Vinte por cento de casos de VIH/sida em Portugal em 2013 foram de imigrantes lusófonos 442

Vinte por cento de casos de VIH/sida em Portugal em 2013 foram de imigrantes lusófonos

27 de outubro de 2014

Aproximadamente 20% de novos casos de infeção por VIH/sida notificados em Portugal em 2013 ocorreram em imigrantes e parte destes surgiram em cidadãos provenientes de países de África subsaariana, nomeadamente dos países de língua portuguesa, disse na sexta-feira fonte governamental.

Falando à “Lusa”, à margem da Conferência “Vamos Ganhar Defesas”, organizada pela Liga Portuguesa Contra a sida, que este ano celebra o 34.º aniversário, o diretor nacional do VIH/sida em Portugal, António Diniz, disse que a taxa de infeção por VIH/sida em imigrantes provenientes de países de língua portuguesa representa 20% do universo de estrangeiros lusófonos residentes em Portugal, apesar de ter reduzido nos últimos quatro anos.

«Em relação aos emigrantes que vivem em Portugal, o que sabemos é que o número de novos casos (do vírus que causa a sida) nesta população tem diminuído, a partir de 2010, altura em que atingiu o máximo, que correspondia a mais de um quarto dos casos notificados e estão nos últimos anos acima de 20 por cento», disse.

António Diniz salientou que tal «significa que no número de novos casos notificados em Portugal, em 2013, cerca de 20% ocorreram em imigrantes e a maior parte destes casos ocorreram nos imigrantes provenientes de países de África subsaariana. E dentro destes novos casos, a grande maioria proveniente dos países de língua portuguesa».

O responsável defendeu a adoção de «melhores estratégias para prevenir que a infeção se transmita dentro desta comunidade» para se «perceber quais são as melhores estratégias para prevenir que a infeção se transmita dentro desta comunidade e traçar melhores estratégias para o mais rapidamente fazer-se o diagnóstico da situação de infeção ou não das pessoas que vivem nesta comunidade».

Intervindo na conferência, que se realizou na sede da CPLP, em Lisboa, António Diniz assinalou a «epidemia tem vindo a multiplicar em Portugal» e citou exemplos:

«Desde 1983 até 2013, isso corresponde a 16% do total, mas este número foi crescendo e a meio da primeira década deste século atingiu os 26%. Nesta altura os dados ainda não foram publicados mas está nos 21%», apesar de nos últimos quatro anos «ter vindo a descer», afirmou.

«Tem importância os países de expressão portuguesa no contexto dos imigrantes infetados por VIH em Portugal? A resposta é sim, porque mais de 80 por cento destes infetados são provenientes dos países de língua portuguesa, incluindo Brasil e Timor», destacou.

Aliás, «os países da África subsaariana correspondem a 3/4 do total de imigrantes infetados. A zona de Lisboa e Setúbal correspondem a 2/3 dos infetados imigrantes e novos casos identificados», acrescentou.

Durante a apresentação dos resultados do projeto “Vamos Ganhar Defesas”, que promove a educação de saúde aos imigrantes oriundos da CPLP, Marina Carvalho, da Liga Portuguesa contra a sida, revelou que «86% da população» de um total de 395 pessoas inquiridas na Amadora, que «tem o dobro de casos em relação à média de toda» a área Metropolita de Lisboa, revelou que nunca fez o teste de VIH/sida.

«Não consigo perceber isso», afirmou António Diniz, que comentou: «Isso quer dizer que temos que ter uma atenção particular à população imigrante em Portugal e, particularmente, em relação à população proveniente de países de língua portuguesa, porque as taxas de infeção destas pessoas nas suas comunidades são elevadas».

Desde o lançamento do projeto “Vamos Ganhar Defesas”, em 2010, a Liga Portuguesa contra a sida tem vindo a divulgar informação à grupos específicos e vulneráveis de imigrantes oriundos da CPLP sobre boas práticas de saúde, nomeadamente sobre a alimentação adequada e equilibrada, manutenção dos cuidados de higiene e prevenção das doenças infeciosas.