Viva a Farmácia 1432

O dia 26 de setembro, no calendário litúrgico romando, é dedicado a São Cosme e São Damião, patronos da profissão farmacêutica. Devido ao seu significado especial, é desde 1989 assinalado tradicionalmente como o Dia Nacional do Farmacêutico. Este ano, com as eleições autárquicas a decorrer em simultâneo, decidiu-se que a sessão solene da Ordem dos Farmacêuticos ocorrerá na véspera, dia este não menos especial, sendo o aniversário da Federação que representa os mais de 4 milhões de Farmacêuticos por todo o mundo, sendo considerado o Dia Internacional do Farmacêutico.

Neste Dia Nacional do Farmacêutico, serão reconhecidos os especialistas do medicamento, os profissionais de saúde de proximidade e ao serviço da população. Neste ano, tal como todos os demais, os portugueses puderam sempre contar com o apoio, em proximidade, do seu farmacêutico. Esta relação de confiança tem sido evidenciada em inúmeras publicações, como o estudo do Centro de Estudos Aplicados da Católica Lisbon School of Business & Economics, em parceria com a Tecnigen, que evidenciou a elevada satisfação que os portugueses têm com o atendimento nas farmácias, assim como a valorização pela população dos vários atos farmacêuticos. No entanto, os desafios de 2021 permitiram aos farmacêuticos provar a uns e reforçar para outros a sua dedicação em prol da sociedade: nas farmácias, além da dispensa dos medicamentos, do aconselhamento e dos serviços farmacêuticos, decorreram adicionalmente os programas de vacinação gratuita contra a gripe, assim como a realização comparticipada de testes rápidos de antigénio à qual aderiram mais de 400 farmácias por todo o país. Milhões de vacinas foram administradas, e milhões de portugueses foram testados nas farmácias portuguesas, demonstrando a eficácia da rede farmacêutica no que concerne à cobertura nacional de vacinação e de testagem. Mais importante, importa destacar a rápida adaptação ao imprevisível e a pronta mobilização setorial em nome da população: nunca poderá ser dito que os farmacêuticos não estiveram, nem continuam a estar, na linha da frente no combate à pandemia.

2021 foi um ano exigente, sem dúvida, mas os desafios não decorreram apenas nas farmácias: em todo o ciclo do medicamento, aliás, em todo o sistema de saúde, podemos encontrar farmacêuticos a prestar cuidados de saúde ou a estruturar essa mesma prestação, seja nos hospitais, na indústria, na distribuição, nos laboratórios de análises, nas administrações de saúde, no ensino, nas agências regulamentares ou na investigação. Podemos identificar farmacêuticos na Direção-Geral de Saúde ou mesmo a colaborar com a task-force para a vacinação contra a COVID-19. Mais recentemente, podemos reconhecer farmacêuticos a surgirem nos cartazes de campanha para as eleições autárquicas, demonstrando a potencialidade da profissão atuar politicamente e, ainda assim, em proximidade.

Não esqueçamos os estudantes. Em plena pandemia, sem estarem devidamente vacinados nem terem sido reconhecidos como um grupo prioritário de risco, apesar de efetivamente realizarem um ensino de risco, os estudantes não deixaram de fazer a sua parte nos estágios curriculares, tanto em farmácia comunitária como em farmácia hospitalar, posicionando-se no combate à pandemia. Adicionalmente, mais de uma centena de estudantes inscreveram-se na Bolsa de Voluntários, colaborando com os seus futuros colegas farmacêuticos nos desígnios do programa nacional de testagem. Não poderíamos estar mais orgulhosos dos farmacêuticos do amanhã, que representaram exemplarmente os valores e o perfil deontológico que se perspetiva para a profissão.

2021 foi um ano diferente, e os próximos meses continuarão a reservar desafios, enquanto se monitoriza com a devida cautela o progressivo regresso à normalidade. Simultaneamente, é imperativo fortalecer os mecanismos e respostas de Saúde não-Covid, no que concerne à literacia em saúde e à prevenção da doença, das terapêuticas crónicas ou à saúde mental, na intercolaboração profissional e na saúde digital, ou à valorização e capacitação dos recursos humanos basilares para o setor da saúde. Nestes novos rumos a adotar para o futuro do país, podemos confiar numa certeza: os farmacêuticos continuarão ao lado dos portugueses.

Viva os Farmacêuticos! Viva a Farmácia!

Bruno Alves
Vice-Presidente APEF – Associação Portuguesa de Estudantes de Farmácia