«Há uma necessidade existencial dos farmacêuticos de atualização», declarou Luís Lourenço, presidente da Secção Regional do Sul e Regiões Autónomas da Ordem dos Farmacêuticos (OF), durante o webinar “A Importância da Formação Contínua” da Associação Portuguesa de Jovens Farmacêuticos (APJF), que decorreu ontem à noite, mencionando o artigo 78 da lei nº 131/2015, de 4 de setembro (Estatuto da Ordem dos Farmacêuticos), em que é referido que «os farmacêuticos devem promover a atualização permanente dos seus conhecimentos, designadamente através da frequência de ações de qualificação profissional».
Um sistema obrigatório
Em Portugal, o sistema de qualificação para farmacêuticos é obrigatório, algo que para Luís Lourenço é primordial devido «à rápida evolução científica e técnica (novas tecnologias de saúde, avanços clínicos, etc.); à tendência expansionista do papel do farmacêutico para outras áreas de atividade profissional; ao quadro legal e regulamentar muito restrito; e à defesa dos interesses dos destinatários dos serviços profissionais e defesa do interesse público».
Os planos curriculares
Estarão atualizados? Foi uma das questões levantadas pelo moderador do evento, Tiago Gonçalves. Para Pedro Maurício, um dos participantes, a resposta é não, dado que há lacunas ao nível das soft skills. Neste sentido, defendeu que a integração destas competências, «como a liderança e a comunicação, faria sentido» nos planos curriculares.
No entanto, Renato Silva, outro dos participantes, defendeu que «podemos incluir as soft skills dentro das unidades curriculares mais nucleares (técnicas)», dado que este tipo de competências são muitas, para «não perdermos a componente técnico-científica» do curso.
Atrair os jovens
Sara Marques, presidente da APJF, deixou a ideia de que «a formação contínua poderia ser um gancho para “puxar” os jovens para a OF» e daí que, na sua opinião, por um lado, se deveria tentar perceber «como é que a Ordem poderia ter uma oferta maior para, efetivamente, ser um gancho e, por outro lado, para complementar o que as faculdades oferecem».
As lacunas na formação contínua e o preço
Adriana Ribeiro, que trabalha na área dos dispositivos médicos, disse, durante o webinar, que nesta área «vai existindo formação, mas não é fácil». Também Francisca Morais, que trabalha na área regulamentar e é elemento do departamento de Formação e Saídas Profissionais da APJF, sente a mesma dificuldade: «é difícil encontrar formação nesta área, nomeadamente em Portugal».
Mas o problema nem sempre é a falta de formação específica em determinadas áreas da profissão farmacêutica, porque às vezes esta até existe, o problema é o preço. E, neste sentido, Tiago Gonçalves argumentou que «o valor da inscrição pode ser um entrave».
Consciente da dificuldade que poderá haver em aceder a determinadas formações, a APJF, de acordo com Diana Jordão, elemento do departamento de Formação e Saídas Profissionais da associação, tem mesmo procurado estabelecer parcerias com outras instituições para facilitar o acesso a formação por parte dos seus associados.
Reflexão individual
Independentemente das dificuldades, «é sempre necessária uma reflexão individual», concluiu, no final do evento, Diana Jordão, sublinhando que «é importante perceber o que é melhor para nós, assim como o que nos permite trabalhar essas competências para progredirmos nas nossas carreiras».