Webinar da Novavax e a vacinação covid-19: “Fonte de inspiração” que “deve estar no Programa Nacional de Vacinação” 604

Aconteceu na passada quarta-feira, dia 13 de dezembro, o webinar “Vacinação contra a covid-19: a importância de existirem vacinas diferentes”. O evento, organizado pela Novavax, tinha como foco não só a discussão da situação atual da covid-19 e da vacinação em Portugal, como também a importância de existirem vacinas adaptadas às novas variantes, nas próximas campanhas.

O webinar contou com três oradores: Filipe Froes, Diretor do Serviço de Cuidados Intensivos do Hospital Pulido Valente; António Diniz, Coordenador da Unidade de Imunodeficiência do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte – Hospital Pulido Valente; e César Jesus, Country Manager da Novavax.

Foi este último, César Jesus, o primeiro a falar. Começou por dizer que existe “um longo caminho para percorrer e progredir no que diz respeito à prevenção da covid-19 em Portugal”. E, enquanto explicou informações mais técnico-científicas, e também outras sobre a empresa, acrescentou que a “Novavax pretende trazer nova soluções e oportunidades através das suas vacinas”.

“Trazemos proteção mais duradoura e de preferência com o menor número de reações adversas possível”, acrescentou, dizendo ainda que “a vacina está em cerca de 40 países e recebeu, recentemente, a aprovação da OMS para utilização em Estado de Emergência”.

Explicando que, na Europa, a Novavax tem mais de 600 colaboradores, espalhados pela República Checa, Suíça, Suécia e Bélgica, adiantou que a empresa chegou a Portugal, mais concretamente a Lisboa, em finais de 2022. Por isso, “está a ser desenvolvido aquilo que é possível para que a vacina da Novavax para a covid-19 esteja disponível no mercado português”. “O objetivo é trabalhar com as autoridades portuguesas e outros players, fazendo com que seja possível expandir a nossa presença no país. O Estado português não teve oportunidade de adquirir a vacina para 2023, mas a Novavax disponibilizou-a de forma gratuita para as pessoas que, por algum motivo, não fizeram, ou não façam, a vacina atualmente disponível”, frisou.

De seguida, usou da palavra António Diniz, Coordenador da Unidade de Imunodeficiência do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte – Hospital Pulido Valente. Referiu, mostrando vários gráficos ao longo da sua apresentação, com realidades, quer mundiais, quer nacionais, que “a nível global, a nível de caso e óbitos, existe uma estabilidade nos números”.

Referiu ainda as “lições” que aprendeu com a pandemia, em Portugal, tendo enumerado sete grandes temas: “ciência e inovação, SNS, planeamento e organização, avaliação e liderança, colaboração e parcerias, coerência e transparência, comunicação e vulnerabilidades e iniquidade”.

Tentou ainda responder, “sem querer ser politicamente correto”, à grande questão “passada a pandemia, as coisas correram bem ou correram mal?”. Para António Diniz, existem argumentos dos dois lados da barricada: “Houve coisas que correram bem, nomeadamente o fecho das escolas, o primeiro confinamento, o papel desempenhado pelos CSP e ADR, a adesão ao mecanismo integrado de aquisição de vacinas e a campanha de vacinação. O que correu pior? O primeiro desconfinamento, a falta de preparação para o outono e inverno de 2020 (covid e não covid), o primeiro trimestre de 2021, as incoerências vacinais, e ainda a infodemia, as fake news e as posições negacionistas”.

Num ponto de vista mais positivo relativamente aos frutos da vacinação, relembrou que “a OMS refere que, apenas no primeiro ano de vacinação, foram evitadas 500 mil mortes devido à vacinação”. O especialista disse ainda que “esta vacina deve ser integrada no Programa Nacional de Vacinação, um que seja transparente e coerente, devidamente atualizado e que abranja as áreas emergentes”.

A finalizar o webinar, Filipe Froes, Diretor do Serviço de Cuidados Intensivos do Hospital Pulido Valente, referiu inicialmente que “não podemos esquecer o impacto que a pandemia teve em Portugal, agora que acabou”. “Temos que nos preparar para situações futuras”, alertou, destacando o facto de existirem mortes em “todos os grandes grupos etários” e comparando, inclusivamente, a pandemia com a Guerra Colonial, “em que morreram 10 mil pessoas”. “Durante a pandemia, morreram quase o triplo de pessoas do que durante a guerra”, disse.

Sobre o impacto das vacinação contra a covid-19, em Portugal e no mundo, foi claro: “Nos primeiros dois anos de vacinação, as vacinas preveniram, no nosso país, 1,2 milhões de infeções, o que corresponde a 2 milhões de dias de internamento e 130 mil dias de internamento em UCI. Salvámos 12 mil vidas. São números impressionantes. É ainda estimado que, a nível mundial, durante os três anos de pandemia, as vacinas tenham salvado 50 milhões de vida, cinco vezes a população de Portugal”.

“As vacinas derrotaram a pandemia e salvaram milhões de vidas. Assistimos à maior campanha de vacinação de sempre, durante a pandemia, e precisamos de mais e diferentes vacinas. São uma fonte de inspiração”, terminou taxativamente.