XIV Jornadas de Farmácia Hospitalar: residência e carreira farmacêutica são prioridades políticas do novo bastonário 707

«A Farmácia Hospitalar vai desempenhar um papel importantíssimo nos próximos anos», afirmou Helder Mota Filipe na sessão de encerramento das XIV Jornadas de Farmácia Hospitalar, que decorreram em formato híbrido (presencial e online) no último sábado, sob o lema “Azimute ao Futuro: somos do tamanho dos nossos sonhos”.

«A pandemia agravou a carga de doença da população», assinalou o bastonário eleito da Ordem dos Farmacêuticos (OF). Na sua perspetiva, isso cria um problema adicional ao sistema de Saúde e, particularmente, ao Serviço Nacional de Saúde (SNS), mas também pode ser encarado como uma oportunidade para a profissão farmacêutica: «todos vamos ser poucos para enfrentar a situação e tentar ajudar a resolver os problemas».

Recordando que as dificuldades para a Farmácia Hospitalar já vinham de tempos anteriores à pandemia, «nomeadamente em termos de condições de trabalho, recursos humanos e financiamento», Helder Mota Filipe destacou em particular «as dificuldades de progressão na carreira». Apesar desta ser uma questão do âmbito da ação dos sindicatos, «garantir as condições para que os profissionais possam exercer adequadamente a sua profissão e, assim, servir melhor os doentes, é um problema da Ordem».

Sobre a residência e a carreira farmacêutica, o novo responsável garantiu também que a próxima direção da OF irá criar todas as condições técnicas e políticas para o seu desenvolvimento, tanto no setor público como no setor privado.

A residência farmacêutica foi um dos temas fortes das XIV Jornadas de Farmácia Hospitalar.  Os trabalhos focaram a visão de diferentes associações profissionais e da própria Ordem dos Farmacêuticos, através do Colégio de Farmácia Hospitalar, sobre o processo formativo que irá iniciar-se em 2023.

A logística dos Serviços Farmacêuticos, a capacitação do farmacêutico hospitalar e a comunicação foram outros temas em debate, proporcionado a partilha de experiências e o conhecimento das adaptações necessárias ocorridas nestes anos de pandemia.

Mas, como referiu João Ribeiro, o novo presidente do Conselho do Colégio de Especialidade de Farmácia Hospitalar, «o trabalho não se esgota aqui». Na sua opinião, «são enormes os desafios que temos pela frente. Desde logo, a consolidação da carreira farmacêutica, publicada em 2017, mas que parece ainda não ter chegado a todos».

Por outro lado, a implementação do processo formativo da residência farmacêutica, «longe de estar concluído, é um processo embrionário que necessitará de apoio e de vigilância de todos nós, nos nossos locais de trabalho, como formadores e tutores».

As XIV Jornadas foram ainda marcadas pelo discurso de Paula Campos, presidente do Conselho do Colégio de Especialidade de Farmácia Hospitalar, que terminou o seu mandato. «Estes últimos três anos foram efetivamente difíceis e trabalhosos», afirmou. «Mas mesmo quando achámos que os resultados não eram os que desejávamos, nunca baixámos os braços, nunca nos resignámos, nem nunca deixámos de lutar pelo valor do farmacêutico hospitalar».

O Conselho do Colégio de Farmácia Hospitalar não quis deixar de homenagear nestas jornadas a atual bastonária da Ordem dos Farmacêuticos, Ana Paula Martins. Como referiu Paula Campos, «lutou com alma, com paixão, tomou a nossa causa como sua, e tudo fez para levar a bom porto a carreira farmacêutica, o reconhecimento do título de especialista conferido pela Ordem dos Farmacêuticos, e que a residência farmacêutica fosse uma realidade».