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Zika: Cientistas identificam ligação a distúrbios neurológicos graves

01 de Março de 2016

Os cientistas confirmaram que o vírus Zika, que está a espalhar-se na América Latina e que se pensa estar associado a nascimentos de bebés com microcefalia, pode também desencadear distúrbios neurológicos graves.

Uma equipa de investigadores apresentou a «primeira demonstração de uma ligação entre o vírus Zika e a síndrome de Guillain-Barré», referiu o professor Arnaud Fontanet, responsável da unidade de epidemiologia das doenças emergentes no Instituto Pasteur, em Paris, que coordenou o estudo publicado hoje, terça-feira, na revista médica britânica “The Lancet”.

O estudo foi realizado a partir dos dados recolhidos na Polinésia Francesa, onde houve um surto de Zika entre outubro de 2013 e abril de 2014, afetando dois terços da população, avançou a “Lusa”.

A doença provocou em 20% a 30% dos casos uma falha respiratória e, nos países mais ricos, cerca de 5% dos infetados acabaram por morrer. Esta síndrome neurológica rara manifesta-se depois da ocorrência de outras infeções virais (como gripe e dengue) mas também, e de forma não negligenciável, seguidamente a uma infeção bacteriana (campylobacter).

Com mais de 1,5 milhões de casos no Brasil e milhares noutros países, incluindo mais de 40.00 casos na Colômbia, os investigadores alertam para a necessidade de reforçar os tratamentos intensivos, em particular fora das cidades.

«Nas zonas que vão ser afetadas pela epidemia do vírus ZiKa, é preciso pensar, nos casos em que for possível, em reforçar as capacidades de tratamento intensivo porque sabemos que há um certo número de pacientes que vão desenvolver a síndrome de Guillain-Barré e, desses, 30% vão precisar de assistência respiratória», disse à “AFP” o cientista principal da investigação.